O Brasil consolida-se como o principal parceiro comercial da Itália na América Latina, absorvendo cerca de 45% das exportações italianas na região. O momento é particularmente favorável para empresas do setor de automação e maquinário industrial, impulsionado por crescimento econômico, investimentos robustos e uma forte demanda por tecnologia de ponta.
A produção industrial brasileira cresceu 3,1% em março de 2025 em relação ao ano anterior, sinalizando uma retomada sustentável. Dentro desse contexto, o país acelera sua estratégia nacional de Indústria 4.0, cujo mercado já movimenta US$ 2,1 bilhões e deve chegar a US$ 5,6 bilhões até 2028.
Empresas locais estão adotando soluções como PLC, SCADA, MES e robôs colaborativos, com destaque para setores como automotivo, farmacêutico, agroindustrial e de energia. Ao mesmo tempo, o governo promove a modernização de indústrias tradicionais — siderurgia, papel e celulose, metalmecânica — com foco em eficiência e sustentabilidade.
A transição verde é outro eixo estratégico. O Brasil já gera mais de 83% da sua energia a partir de fontes renováveis, e o mercado de biogás, hoje avaliado em US$ 6 bilhões, pode alcançar US$ 60 bilhões até 2040. Projetos em biogás, hidrogênio verde e transição energética criam novas oportunidades para a tecnologia industrial italiana.
O programa governamental “Nova Indústria Brasil” destina R$ 186,6 bilhões à digitalização do setor, com foco em semicondutores, robótica, computação em nuvem e inteligência artificial. Paralelamente, há R$ 380 bilhões reservados para energia renovável e R$ 130 bilhões para o setor automotivo.
As empresas italianas, reconhecidas mundialmente pela excelência em Automação, Criatividade e Tecnologia (ACT), são líderes em mecatrônica, robótica, embalagem e sistemas de visão artificial. Essas competências estão totalmente alinhadas à nova demanda brasileira por soluções sustentáveis e inteligentes.
De acordo com o Relatório Ingenium 2025 da Confindustria, a Itália exportou € 32,1 bilhões em maquinário ACT, com um potencial adicional de € 8 bilhões, sendo € 3,3 bilhões destinados a mercados emergentes como o Brasil. Em 2023, as importações brasileiras de maquinário italiano somaram US$ 1,79 bilhão, um crescimento de 8,9% em relação ao ano anterior.
O acordo UE–Mercosul, ainda em fase de aprovação, deve reduzir tarifas de até 35% sobre máquinas e componentes, abrindo caminho para um acesso preferencial e competitivo ao mercado brasileiro.
Além disso, a presença de uma forte comunidade ítalo-brasileira e a crescente colaboração entre universidades, centros de pesquisa e empresas reforçam um ecossistema industrial integrado, no qual a Itália exporta não apenas produtos, mas também know-how e modelos organizacionais avançados.
Por fim, o Brasil se posiciona como uma plataforma estratégica para a expansão italiana em toda a América Latina, com vantagens logísticas — como o corredor ferroviário Nova Ferroeste e portos internacionais — e apoio financeiro de instituições como SACE e SIMEST. A posição no Mercosul ainda permite acesso facilitado a mercados complementares (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia), reduzindo riscos e custos de operação.