sex. out 17th, 2025

Brasil na Convenção de Macolin: um desafio compartilhado com a Itália contra a manipulação esportiva

O Brasil oficializou o pedido de adesão à Convenção de Macolin, o único tratado internacional contra a manipulação de resultados esportivos, já assinado por cerca de 50 países – entre eles a Itália – e em vigor desde 2019.

A iniciativa, coordenada pelos ministérios do Esporte, da Fazenda e da Justiça em conjunto com o Itamaraty, representa um passo decisivo para conter os esquemas de manipulação que, nos últimos anos, abalaram o futebol brasileiro e chamaram a atenção das autoridades internacionais.

A embaixada brasileira em Paris enviou a declaração oficial ao Conselho da Europa, iniciando assim o processo que levará o país a integrar plenamente a rede internacional de cooperação. Graças à Convenção, será possível realizar trocas rápidas de informações, emitir alertas transnacionais e conduzir investigações conjuntas contra organizações criminosas que lucram com a manipulação de partidas.

Escândalos e números recordes

O anúncio chega em um momento delicado para o futebol brasileiro. Nos últimos dias, Bruno Henrique, atacante do Flamengo, foi punido com 12 jogos de suspensão e uma multa de 60 mil reais por episódios ligados às apostas. Não é um caso isolado: entre 2022 e 2023 o Brasil liderou o ranking mundial de denúncias suspeitas, com 139 e 110 episódios, respectivamente, segundo dados da Sportradar. Em 2024, os registros caíram para 57, mas o problema segue profundo e estrutural.

As investigações da Polícia Federal já desarticularam esquemas em campeonatos menores, como o que envolveu o Patrocinense, e até além das fronteiras nacionais: um grupo de brasileiros foi associado à manipulação de resultados em campeonatos finlandeses.

A força da cooperação

Para Iuri Rocco, secretário nacional de Apostas Esportivas e Desenvolvimento Econômico, a adesão é um movimento estratégico global: “A manipulação de resultados é um crime transnacional. Somente com a cooperação internacional e a troca de inteligência poderemos reagir com eficácia”.

Uma visão compartilhada também pelo setor. Bernardo Cavalcanti Freire, consultor jurídico da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), destacou que a entrada do Brasil na Convenção fortalece a colaboração entre federações, órgãos reguladores e operadores sérios do mercado, reforçando as práticas de integridade.

Uma frente comum com a Itália

A adesão do Brasil não é apenas um ato diplomático: é a resposta a uma urgência que une diversos países, da América Latina à Europa. A Itália, já signatária da Convenção de Macolin, também enfrentou escândalos ligados às apostas e vê nessa frente comum um caminho para reforçar a credibilidade do futebol internacional.

O passo brasileiro marca, portanto, uma nova fase: proteger o futuro do futebol e do esporte nacional, isolando os manipuladores e devolvendo ao jogo sua essência, feita de paixão e competição leal.

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