A Guarda Suíça Pontifícia, instituída em 22 de janeiro de 1506, sempre encarnou uma dupla identidade: força cerimonial e proteção real ao Pontífice. Ao longo de sua história — feita de fidelidade, sacrifício e salvaguarda militar — existiram momentos em que planos de defesa foram elaborados, mas nunca colocados em prática: verdadeiras “guerras nunca travadas”.
Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, enquanto Roma vivia sob ameaça constante, a Guarda Suíça se preparou para defender o Vaticano diante de uma possível invasão alemã. Mas o ataque que justificaria esse plano não aconteceu — e a guerra permaneceu apenas prevista, não real.
Caso 1 — O plano de sequestro do Papa Pio XII (1943)
No contexto da ocupação nazista de Roma, surgiram documentos indicando um projeto para ocupar o território da Santa Sé e capturar o Papa Pio XII. Dentro do Vaticano, foram organizadas estratégias de defesa que envolveriam diretamente a Guarda Suíça. No entanto, a operação não foi executada, e o conflito não se concretizou.
Caso 2 — A resistência “hídrica”: um plano defensivo silencioso
Segundo arquivos internos, durante o mesmo período, foi esboçado um plano de resistência passiva, que previa o uso estratégico de hidrantes e interrupções do abastecimento de água para conter um eventual invasor. A Guarda Suíça teria um papel de contenção e retirada tática dentro do território vaticano. Esse plano, porém, nunca precisou ser acionado.
Caso 3 — A defesa da cidade e da Sede Apostólica durante o saque de Roma
O episódio do saque de Roma, quando a Guarda Suíça protegeu o Papa e sua saída para Castel Sant’Angelo, mostra como planos defensivos podem existir para além do combate, preservando a instituição e sua segurança mesmo em meio ao caos.
Embora a memória coletiva se recorde sobretudo da batalha de 6 de maio de 1527 — quando 147 guardas morreram ao proteger o Papa Clemente VII — a história da Guarda Suíça também é feita de conflitos potenciais que não aconteceram, mas que moldaram sua identidade militar e espiritual.
Essas “guerras nunca travadas” lembram que a missão da Guarda Suíça não se mede apenas em confrontos diretos, mas na capacidade de estar pronta. O plano que não precisa ser usado é, por si só, uma forma de vitória: porque a verdadeira segurança é aquela que impede o confronto antes que ele exista.

