qua. out 8th, 2025

A Piadina Romagnola conquista ‘carteirinha’ no Brasil: o primeiro selo IGP estrangeiro reconhecido pelo país

A proteção da cultura culinária tradicional italiana marca um passo histórico e abre um novo capítulo na valorização da autenticidade e da tradição no Brasil: a Piadina Romagnola, símbolo da gastronomia da região da Emília-Romanha, tornou-se o primeiro produto estrangeiro a receber o selo IGP (Indicação Geográfica Protegida) concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial do Brasil (INPI).

O reconhecimento representa um verdadeiro golaço contra o “Italian sounding”, as falsificações e os falsos profetas da culinária italiana no mundo. E alimenta a esperança de que outros produtos sigam o mesmo caminho, fazendo do Brasil um país guardião da herança italiana. Mérito que se deve, em grande parte, à sua numerosa e orgulhosa comunidade de ítalo-descendentes.

Entre as 112 IGPs já reconhecidas pelo INPI, 111 são brasileiras. A Piadina é, portanto, a única exceção de peso. “É um fato extraordinário”, celebrou Alfio Biagini, presidente do Consórcio de Promoção e Tutela da Piadina Romagnola IGP. O próprio INPI dedicou um artigo à conquista, ressaltando não só suas características culinárias, mas também seu valor cultural, citando até Giovanni Pascoli, o poeta que cantou a Piadina em seus versos.

A Indicação Geográfica Protegida é um selo que garante a origem e a autenticidade de um produto ligado a um território específico, suas tradições e métodos de produção. É uma forma de proteger a identidade e o saber-fazer local contra falsificações e versões “genéricas”, tema sensível para a Itália, que enfrenta no mundo o fenômeno do “Italian sounding”, a proliferação de produtos que imitam nomes e aparências italianas sem qualquer ligação real com o país.

Por isso, o reconhecimento brasileiro é duplamente simbólico: é uma vitória cultural e comercial que protege a verdadeira Piadina Romagnola das imitações e, ao mesmo tempo, fortalece os laços históricos entre Itália e Brasil, especialmente com a comunidade ítalo-descendente que, há gerações, mantém viva a herança culinária da península.

O que é a Piadina?

A Piadina nasceu simples e orgulhosa, como a própria Romagna. É uma fina massa de farinha, água, sal e gordura (banha ou azeite), cozida em uma chapa quente. Antigamente, era o pão dos camponeses, preparado nas casas rurais e servido com queijo, presunto ou ervas. Hoje, é uma das street foods mais amadas da Itália, símbolo de convivência, de verões à beira-mar e de mesas compartilhadas.

Cada mordida carrega séculos de tradição e identidade. Em Rimini, Forlì, Cesena, Ravenna e parte de Bolonha – as províncias protegidas pelo selo – a Piadina não é apenas comida: é uma história contada com farinha e afeto.

Com o reconhecimento do INPI, o Brasil se torna guardião desse legado, abrindo espaço para que além da verdadeira Piadina Romagnola, outros produtos italianos brilhem também nas mesas tropicais com ‘carteirinha’ de autenticidade.

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