Nos últimos anos, a Itália tem vivido uma transformação profunda no seu sistema de ensino. O tema da internacionalização das escolas deixou de ser um ideal distante para tornar-se uma estratégia nacional concreta: uma ponte entre educação, diplomacia cultural e cidadania global.
Essa tendência ficou evidente no Relatório 2025 do Observatório Nacional sobre Internacionalização das Escolas e Mobilidade Estudantil, apresentado em Roma em outubro. O documento revela um crescimento contínuo que confirma o empenho do país em formar jovens cidadãos do mundo.
Segundo o relatório, 88% das escolas italianas participam hoje de algum projeto internacional: desde programas Erasmus+ e eTwinning até parcerias com escolas da América Latina, Ásia e África. Mais da metade das instituições também promove experiências de intercâmbio estudantil, estágios internacionais ou summer schools no exterior.
Essas oportunidades não apenas fortalecem o aprendizado de idiomas, mas também desenvolvem competências interculturais, empatia e flexibilidade, qualidades essenciais num mundo interconectado.
Além do inglês, o ensino de segundas línguas como francês, espanhol, alemão, chinês cresce rapidamente. Para o Ministério da Educação italiano, dominar mais de um idioma é o caminho mais eficaz para a cittadinanza globale e a formação de indivíduos capazes de dialogar, cooperar e compreender outras culturas.
Itália e Brasil: uma parceria que educa para o futuro
Entre os países mais conectados à rede escolar italiana está o Brasil, que abriga uma das maiores comunidades de descendentes de italianos fora da Europa. A cooperação educacional entre os dois países é intensa e estratégica.
O governo italiano apoia escolas italianas no Brasil reconhecidas oficialmente pelo Ministério das Relações Exteriores como: Colégio Dante Alighieri (São Paulo), Scuola Italiana Eugenio Montale (São Paulo), Istituto Italo-Brasiliano Bicchierini (São Paulo), Centro Educacional Leonardo da Vinci (Rio de Janeiro) e Escola Italiana de Belo Horizonte. Essas instituições oferecem ensino bilíngue, seguem o currículo italiano e promovem projetos de intercâmbio com escolas da Itália, cultivando um sentimento de pertencimento e orgulho entre jovens ítalo-brasileiros.
Além disso, diversas iniciativas reforçam a ponte cultural e acadêmica entre os dois países: o programa Intercâmbio Itália-Brasil, o Projeto Escolas Parceiras da Embaixada da Itália e o Plano de Promoção da Língua e Cultura Italiana, que leva professores italianos a atuar em escolas públicas e privadas brasileiras. Outro destaque é a cooperação universitária. Universidades italianas como Sapienza di Roma, Bologna, Padova e Torino mantêm convênios com instituições brasileiras, incluindo USP, UFRJ e PUC-Rio, incentivando programas de dupla titulação e pesquisas conjuntas.
A aposta italiana na educação internacional reflete um desejo maior: formar cidadãos que pensem globalmente e ajam localmente. O Brasil, com sua herança ítalo-brasileira viva em tantas famílias, escolas e comunidades, é um parceiro natural nessa missão.
O Relatório 2025 confirma que a escola é o primeiro laboratório da globalização, um espaço onde jovens aprendem que identidade e diversidade podem caminhar juntas. E para milhões de ítalo-descendentes brasileiros, essa é também uma forma de reencontrar as próprias raízes sem deixar de olhar para o futuro.
A nova geração ítalo-brasileira cresce bilíngue, conectada e com os olhos voltados para o mundo, fruto de uma escola que fala italiano, mas pensa globalmente.
A internacionalização das escolas italianas e o novo conceito de cidadania global
