Há viagens que alimentam os olhos. Outras, o paladar.
E há aquelas que despertam algo que dormia — uma mistura de adrenalina, deslumbramento e gratidão por estar vivo.
Foi exatamente isso que os alunos da Accademia Pellegrini sentiram durante os nove dias da Esperienza Motor Valley, uma imersão cultural e automobilística que levou o grupo à alma metálica da Emilia-Romagna, o berço dos motores mais lendários do planeta.
De 26 de setembro a 5 de outubro de 2025, vinte e seis participantes embarcaram nessa viagem inédita, que uniu o estudo da língua italiana à descoberta de uma Itália quase secreta — aquela onde o design encontra a velocidade, e onde a beleza se mede em cavalos de potência.
A Motor Valley não é apenas uma região. É um estado de espírito.
Ali, entre Modena, Maranello, Imola e Sant’Agata Bolognese, o rugido dos motores é parte da paisagem.
São seis marcas lendárias, quatro autódromos icônicos, 188 equipes de corrida, 13 museus, 18 coleções particulares e séculos de genialidade condensados em poucos quilômetros quadrados.
Foi nesse cenário que a Accademia Pellegrini criou algo novo: uma jornada que mescla aprendizado, cultura e emoção pura.
Durante as manhãs, o grupo estudava italiano — aprendendo o idioma nas entrelinhas da vivência. À tarde, o idioma era outro: o das máquinas, dos engenheiros e designers que transformaram o som de um motor em patrimônio cultural.
Logo nos primeiros dias, o grupo adentrou os templos do automobilismo italiano.
No Museu Enzo Ferrari, em Modena, o amarelo vibrante do logo contrastava com a elegância silenciosa dos motores expostos. Cada modelo contava uma história de audácia e perfeição.
Em Sant’Agata Bolognese, o Museu Automobili Lamborghini foi uma aula sobre o impossível: ali, o alumínio é esculpido com a mesma devoção de quem pinta afrescos. O grupo ouviu, fascinado, histórias sobre Ferruccio Lamborghini — o homem que, inconformado com a embreagem de sua Ferrari, decidiu criar carros ainda mais perfeitos.
Mas foi na Pagani que muitos perderam o fôlego. Ver o próprio Horacio Pagani explicar a filosofia que une arte e engenharia foi um momento de arrepio coletivo. “Cada detalhe é uma emoção congelada em metal”, dizia ele, enquanto mostrava o processo de criação manual de um Zonda.
O auge veio em Imola, no lendário Autódromo Enzo e Dino Ferrari.
Era o dia de pilotar.
Capacetes postos, motores roncando, olhos marejados.
Entre gritos de euforia e risos nervosos, os participantes conduziram Ferraris e Lamborghinis por curvas que fizeram história.
Mas a emoção se tornou reverência quando chegaram à Curva Tamburello, onde o Brasil e a Itália se encontram num só nome: Ayrton Senna.
Ali, em homenagem ao ídolo, o grupo da Accademia Pellegrini fez silêncio.
Por um instante, o som dos motores cessou, e o que restou foi uma sensação de comunhão.
A Itália do motor e a alma brasileira se abraçaram naquele pedaço de asfalto.
Mas a Esperienza Motor Valley não se fez apenas de velocidade, porque na Itália, tudo — até o motor — se serve à mesa.
Entre visitas a museus e fábricas, o grupo conheceu produtores artesanais de Presunto Parma, fábricas de vinagre balsâmico, queijarias de Parmigiano Reggiano e vinícolas familiares.
Provaram, tocaram, aprenderam que o mesmo país que cria máquinas de 700 cavalos é capaz de esperar 24 meses para maturar um queijo.
E as noites… Ah, as noites.
Jantares em restaurantes que já foram ponto de encontro de Enzo Ferrari e seus engenheiros, como o icônico Ristorante Cavallino.
Outros com estrelas Michelin, onde cada prato era tão preciso quanto o design de um painel Ferrari.
No retorno, o descanso vinha no Maranello Village, o único hotel temático da Ferrari na Europa — um santuário onde até os corredores contam histórias de velocidade.
A Esperienza Motor Valley nasceu de uma paixão compartilhada: a de Ilaria Bisanti, diretora didática da Accademia, pela cultura e pela língua italiana; e a de seu marido, Guilherme Reis, diretor de parcerias e apaixonado pelo automobilismo.
Da união dessas duas paixões surgiu o desejo de mostrar uma Itália além das catedrais e vinhedos — uma Itália que vibra, que acelera, que inova.
Na abertura do projeto, o grupo foi recebido com um coquetel que teve a presença ilustre de Valentino Balboni, o lendário piloto de testes da Lamborghini.
Com humor e humildade, Balboni contou histórias dos anos em que guiava protótipos por estradas secretas da Emilia-Romagna.
A Esperienza Motor Valley 2025 marcou a estreia de um novo formato de aprendizado cultural. Foram nove dias de imersão total, combinando idioma, história, design, gastronomia e emoção.
E o melhor: essa história está só começando.
A edição 2026 já está em produção — com novas rotas, novas descobertas e, claro, mais uma volta pela Motor Valley. Porque, na Accademia Pellegrini, aprender italiano é apenas o ponto de partida. O destino é muito mais do que um lugar — é uma experiência que acelera a alma.
