Entre muros renascentistas e cúpulas barrocas, o Vaticano guarda um patrimônio inesperado: a biodiversidade de seus jardins. Um microestado urbano, cercado pelo trânsito romano, que abriga centenas de espécies vegetais, algumas raras ou vindas de terras distantes.
Os Jardins do Vaticano se estendem por cerca de 23 hectares, mais da metade da superfície do Estado. Ali, entre fontes, alamedas e grutas artificiais, encontram-se palmeiras caribenhas, plantas subtropicais, essências mediterrâneas e flores cultivadas por gerações de jardineiros. Muitas espécies são presentes de embaixadores e missionários, chegadas a Roma como sinais de amizade ou símbolos de fé.
Há oliveiras centenárias que evocam a história bíblica, mas também camélias e azaleias japonesas que colorem a primavera. Não faltam árvores raras, como o ginkgo biloba, sobrevivente de eras geológicas, e variedades de coníferas vindas das Américas. Um mosaico botânico que transforma os jardins numa espécie de enciclopédia viva das culturas do mundo.
A gestão não é apenas estética: os jardineiros vaticanos colaboram com botânicos e universidades para monitorar a saúde das plantas e preservar as espécies mais delicadas. Nos últimos tempos fala-se também em sustentabilidade: sistemas de irrigação de baixo consumo, atenção à biodiversidade dos insetos e até colmeias que produzem mel dentro dos muros.
Se os Museus Vaticanos guardam tesouros de arte, os Jardins escondem um patrimônio natural igualmente precioso. Um pulmão verde que, embora acessível apenas a alguns visitantes selecionados, continua a respirar a poucos metros da Praça de São Pedro, lembrando que até no coração da cristandade a natureza tem raízes profundas.