Como já vem sendo observado nos últimos anos, a adoção de tecnologias digitais está se acelerando dentro das empresas italianas — e um dos pontos que mais chama atenção é o uso da inteligência artificial (IA). Dados recentes mostram que, entre 2023 e 2025, o número de empresas com pelo menos 10 empregados que utilizam IA mais que dobrou, passando de 8,2% no ano passado para 16,4% em 2025, contra apenas 5,0% em 2023.
Um crescimento que reflete não só as transformações tecnológicas em curso, mas também as pressões competitivas e as expectativas de mercados cada vez mais digitais.
Esse salto não é uniforme: enquanto as grandes empresas já adotam IA em mais de 53% dos casos, a proporção entre as pequenas e médias empresas (PMI) é mais modesta, embora em rápida expansão (de 7,7% para 15,7%). E são setores bem específicos que puxam essa curva para cima: empresas de informação e tecnologia, produção audiovisual e telecomunicações estão entre as que mais empregam IA em suas operações.
A IA não é só uma moda, já está sendo usada em áreas como marketing e vendas (33,1% das empresas), organização administrativa (25,7%) e até em pesquisa e desenvolvimento (20,0%). Tecnologias como IA generativa — capazes de produzir textos, imagens e sons — já estão presentes em mais da metade das empresas que usam IA. Outras aplicações incluem reconhecimento de voz, análise de dados e automação de processos, com impactos diretos na produtividade e eficiência.
Ainda assim, a adoção geral da IA ainda tem espaço para crescer: cerca de 83,6% das empresas com pelo menos 10 empregados ainda não utilizam nenhuma tecnologia de IA. Entre aquelas que consideraram, mas não seguiram adiante com o investimento, a principal barreira é a falta de competências adequadas (cerca de 59%), seguida por questões legislativas, de privacidade de dados e custos elevados.
Apesar disso, o uso de IA na Itália já faz parte da estratégia para alcançar metas europeias do chamado “Decênio Digital”, que prevê, entre outros objetivos, a difusão mais ampla de ferramentas como cloud computing, análise de dados e IA até 2030. De acordo com os indicadores mais recentes, há progressos substanciais: o uso de IA saltou de 10,9% em 2024 para 21,9% em 2025, aproximando-se de metas ambiciosas que se estendem ao longo da década.
E no Brasil?
O Brasil também tem vivido uma onda de interesse e experimentação em IA, tanto no setor privado quanto nas iniciativas de governo. Segundo dados mais recentes do Cidades Inteligentes & Inovação (CI&I/SEBRAE) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de 60% das empresas brasileiras já utilizam alguma forma de tecnologia digital avançada, incluindo automação, análise de dados e, em muitos casos, elementos de IA, especialmente nas grandes cidades e nos setores de serviços e tecnologia.
Outro estudo da Microsoft e IDC Brasil mostrou que quase metade das organizações no país já adotou IA ou planeja fazer isso nos próximos 12 meses, com foco em aplicações para atendimento ao cliente, automação de processos e análise de dados. Embora os números variem conforme o porte da empresa e o setor, essa tendência mostra que, tanto na Itália quanto no Brasil, a IA está deixando de ser apenas uma promessa e se tornando parte concreta da estratégia de digitalização das empresas.
O crescimento da IA entre empresas italianas — e a adoção crescente no Brasil — aponta para uma transformação profunda na forma como negócios são conduzidos. Não se trata apenas de incorporar softwares avançados, mas de reformular modelos de trabalho, de gestão e de interação com clientes.
Para pequenas e médias empresas, especialmente, a chave está em superar barreiras como a falta de competências e a complexidade regulatória, para não ficar para trás em um mercado cada vez mais competitivo.
Em um mundo onde dados, automação e inteligência se entrelaçam, entender e adotar tecnologias como a IA não é mais uma vantagem opcional: é parte essencial da estratégia de crescimento. E tanto na Itália quanto no Brasil, essa transição está apenas começando.
Da Itália ao Brasil, a inteligência artificial nas empresas muda o jeito de fazer negócios

