seg. dez 15th, 2025

Italia abre disputa pela Capital da Cultura 2028 e renova sua vocação artística

A corrida pelo título de Capital Italiana da Cultura 2028 já começou oficialmente e, como sempre, mexe com o imaginário de cidades, moradores e milhões de ítalo-descendentes espalhados pelo mundo. A lista deste ano reúne 23 cidades, e uma comissão independente está mergulhada na análise dos dossiês enviados ao Departamento para as Atividades Culturais (DiAC). Dali nascerá a primeira seleção das dez finalistas, que depois participarão de audiências públicas antes do veredito final.

A disputa mobiliza desde centros históricos mundialmente famosos, como Catania, Ancona e Fiesole, até pequenos municípios carregados de memória, como Mirabella Eclano, Sala Consilina, Valeggio sul Mincio ou a Unione dei Comuni della Città Caudina. Há cidades do mar, como Vieste, joias arqueológicas como Tarquinia, territórios de enogastronomia profunda como Bacoli, além de propostas que destacam arte, paisagem, inovação, tradições e até mitologia, como Pomezia, que concorre com o tema “Do mito de Eneias às cidades de fundação”.

A Capital Italiana da Cultura não é apenas um título: é um grande projeto nacional criado em 2014 com um objetivo claro, inspirado no modelo europeu das Capitais da Cultura. A missão é usar a cultura como motor de desenvolvimento, revitalizando cidades, fortalecendo identidades locais, atraindo turismo qualificado e estimulando criatividade, inclusão social e novas economias.

Desde então, a iniciativa se tornou uma vitrine internacional do modo italiano de produzir beleza e sentido. Nos últimos anos passaram pelo posto cidades muito distintas entre si, mostrando a pluralidade cultural do país:
Parma (2020–2021), Procida (2022), Brescia e Bergamo (2023), Pesaro (2024) e Agrigento (2025).
Em 2026 será a vez de Matera e a Basilicata, e em 2027, Ravenna assumirá o título.

A cada edição, a escolha revela ao público global cidades que talvez muitos brasileiros – inclusive os milhões de ítalo-descendentes – nunca ouviram falar, mas que guardam pedaços profundos da história italiana. E isso tem um peso emocional forte: para quem tem origens no país, acompanhar a seleção é quase como revisitar as próprias raízes.

Cada candidatura carrega um sotaque, uma memória, um jeito particular de viver a arte, seja nas ruas de pedra de Fiesole, nos vales de Colle di Val d’Elsa, na energia vulcânica de Catania ou no mar luminoso da Puglia em Vieste.

Em 2028, uma dessas 23 cidades será escolhida para representar a cultura italiana no mundo e, com ela, parte da história de todas as famílias que fizeram da Itália um país que exporta talento, criatividade e emoção. A decisão final será anunciada após as audiências públicas, quando os projetos ganharão voz e narrativa diante da comissão.

Para o Brasil, que abriga a maior comunidade de descendentes italianos fora da Itália, a escolha sempre desperta curiosidade e afeto. Afinal, cada Capital da Cultura é uma oportunidade de reencontro: com a arte, com a memória e, muitas vezes, com a própria família.

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