qua. jun 18th, 2025

Decreto sobre cidadania italiana causa revolta e levanta suspeitas de pressão dos EUA

A proposta do governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, de restringir a cidadania por direito de sangue (ius sanguinis) provocou forte reação da oposição nesta segunda-feira (19), especialmente entre parlamentares eleitos no exterior. O temor é que milhões de descendentes de italianos, principalmente na América do Sul, percam o direito de solicitar a cidadania italiana.

Segundo representantes do Partido Democrático (PD), o governo estaria cedendo a pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A acusação foi feita durante debate na Comissão de Assuntos Constitucionais da Câmara, que analisa 70 emendas ao decreto-lei aprovado pelo Senado na última quinta-feira (15).

Para o deputado Toni Ricciardi, o governo Meloni justifica a proposta com argumentos de “segurança nacional”, adotando o decreto por via emergencial, sem passar por debate legislativo comum. “O governo Trump quer repatriar sul-americanos com dupla cidadania, muitos dos quais têm passaporte italiano. Tirar esse direito enfraquece a proteção dessas pessoas nos EUA”, afirmou.

A crítica foi reforçada por Fabio Porta e Christian Di Sanzo, que denunciaram o impacto direto sobre as comunidades italianas no exterior. “Vocês estão destruindo nossas comunidades”, declarou Di Sanzo. Porta, por sua vez, lembrou que Meloni prometeu em campanha não alterar as regras da cidadania, o que agora considera uma “traição”.

O decreto, em vigor desde 28 de março, limita o reconhecimento da cidadania apenas a quem tiver pai, mãe, avô ou avó que possuíam exclusivamente a cidadania italiana — o que exclui milhões de ítalo-descendentes. A proposta segue agora para votação final na Câmara, onde o governo tem maioria.

Se aprovado, o decreto pode encerrar o sonho de muitos descendentes de italianos de recuperar oficialmente seus laços com a terra de origem. A decisão deve sair até o fim de maio.

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