ter. dez 16th, 2025

Export agroalimentar italiano deve bater €70 bi — e Brasil e Mercosul entram na mira

O agronegócio italiano está prestes a encerrar 2025 com um marco histórico: pela primeira vez, as exportações de alimentos e bebidas devem superar os €70 bilhões. Embora Europa e Estados Unidos continuem liderando a demanda, estudos recentes indicam que Brasil, Mercosul e toda a América Latina ganharão cada vez mais espaço na estratégia italiana de diversificação.

Segundo a Nomisma, países latino-americanos vêm ampliando de forma consistente as importações de produtos italianos, impulsionados pelas fortes comunidades de origem italiana, pelo interesse crescente na gastronomia mediterrânea e pela expansão do mercado premium.

O Brasil aparece entre os países que mais aceleraram a entrada de produtos do Made in Italy na última década, com crescimentos anuais superiores a 12%, movimento semelhante ao observado em outros países do Mercosul, bloco que representa 260 milhões de consumidores e mais de US$ 3 trilhões de PIB.

A expectativa é que o acordo de livre comércio UE–Mercosul, já próximo da etapa final, se torne um ponto de virada ao facilitar tarifas, agilizar processos e ampliar ainda mais a presença de vinhos, queijos, massas, azeites e conservas italianas na região. Hoje, o comércio do setor entre Itália e Mercosul já alcança €440 milhões, um salto de 68% em cinco anos.

Também fora do Mercosul, a América Latina desponta como um polo de crescimento ainda pouco explorado. México, Chile, Peru, Colômbia e República Dominicana registraram forte expansão nas importações de alimentos e bebidas italianos, acompanhando a urbanização, a elevação da renda e a presença crescente de restaurantes italianos nas grandes capitais.

Entre janeiro e setembro de 2025, as exportações italianas do setor cresceram 5,7%, impulsionadas sobretudo pela União Europeia, onde mercados como Polônia, Espanha e República Tcheca registraram aumentos de dois dígitos. Já o mercado extra-UE avançou apenas 4%, pressionado pelas quedas nos Estados Unidos, Rússia e Japão.

No recorte dos últimos cinco anos, a Itália apresentou o segundo maior crescimento mundial do setor, com alta de 55%. Apesar disso, a forte concentração geográfica continua sendo um ponto crítico: metade de todas as exportações italianas de alimentos ainda se concentra em apenas cinco países — Alemanha, Estados Unidos, França, Reino Unido e Espanha — evidenciando a necessidade de diversificar destinos.

Nos Estados Unidos, a leve retração de 1,1% nas vendas é atribuída à desvalorização do dólar superior a 10%, à incerteza das políticas tarifárias da administração Trump e à desaceleração do consumo em alguns segmentos. Ainda assim, o país permanece insubstituível.

Com um mercado alimentar de US$ 211 bilhões anuais, que cresceu 50% em cinco anos, os EUA já aumentaram em 66% as compras de produtos italianos entre 2019 e 2024. A Itália segue como o terceiro maior fornecedor, atrás de Canadá e México, que juntos respondem por mais de 40% do total importado.

Para a Nomisma, a prioridade agora é clara: diversificar. Países como Brasil, México, Polônia, Austrália e Coreia do Sul estão entre os destinos que mais crescem e que oferecem o maior potencial para o futuro. Com o avanço do acordo UE–Mercosul e o interesse cada vez maior dos brasileiros por vinhos, queijos, massas artesanais e produtos gourmet, a expectativa é que o Brasil se torne um dos pilares da nova estratégia global do agroalimentar italiano.

O futuro do Made in Italy — cada vez mais internacional e conectado à América Latina — pode passar por São Paulo, Buenos Aires, Cidade do México e Santiago. E 2026 já começa a desenhar essa virada.

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