qua. nov 26th, 2025

Itália celebra novas estrelas Michelin e reforça liderança na alta gastronomia

Na Itália, a alta gastronomia não é apenas uma tradição. É um ritual coletivo, um patrimônio cultural que mistura história, território, técnica e emoção. Por isso, cada nova edição da Guida Michelin, a mais influente publicação gastronômica do mundo, é recebida como um acontecimento nacional. E a apresentação da edição 2026, realizada no majestoso Teatro Regio de Parma, confirmou mais uma vez o papel central do país no mapa global da culinária de excelência.

A chamada “Guida Rossa” é muito mais do que um guia: é uma autoridade absoluta. Uma estrela pode transformar o destino de um restaurante, duas consagram um chef e três o colocam na liga dos imortais. Na Itália, onde tradição e inovação convivem em cada prato, o reconhecimento tem um valor ainda mais simbólico. É a validação de um modo de viver a mesa que faz parte da identidade do país.

Neste ano, a grande notícia é a chegada de um novo três estrelas: La Rei Natura, comandado pelo jovem chef Michelangelo Mammoliti em Serralunga d’Alba, no Piemonte. O feito é impressionante, já que o restaurante conquistou o topo da gastronomia apenas 26 meses após a abertura. A ascensão meteórica reforça a vitalidade da alta cozinha italiana e sua capacidade de formar novos talentos.

Todos os outros quatorze restaurantes três estrelas da edição anterior foram confirmados, consolidando um patamar de excelência raro no cenário internacional.

Entre as novas duas estrelas estão o Famiglia Rana, em Verona, e o I Tenerumi, na ilha de Vulcano, uma demonstração de como a culinária italiana continua expandindo seu prestígio por diferentes regiões. Já no capítulo das novas estrelas individuais, são vinte e dois restaurantes premiados em cidades como Portofino, Milão, Roma, Ischia, Sestri Levante e Tivoli, refletindo a enorme diversidade gastronômica do país.

A cerimônia também homenageou nomes essenciais da culinária. O Mentor Chef Award foi entregue ao mestre Heinz Beck, do célebre La Pergola de Roma, reconhecido por formar gerações de cozinheiros. Jovens talentos, sommeliers e restaurantes inovadores também foram celebrados, assim como cinco novos estabelecimentos que receberam a Estrela Verde por práticas exemplares de sustentabilidade.

Os números confirmam a força italiana: a edição 2026 registra 394 restaurantes estrelados, somando 446 estrelas no total, com quinze restaurantes detentores de três estrelas, trinta e oito com duas e trezentos e quarenta e um com uma estrela. A França, referência histórica e primeiro lugar mundial, conta atualmente com 654 restaurantes estrelados (dados da edição 2025), o que evidencia a magnitude de sua tradição gastronômica e ajuda a contextualizar o sólido segundo lugar ocupado pela Itália.

E o Brasil?
O cenário brasileiro também vive um momento de expansão. Segundo a Michelin 2025, o país soma vinte e cinco restaurantes estrelados, sendo cinco com duas estrelas e vinte com uma, além de três estabelecimentos reconhecidos com a Estrela Verde. Embora ainda não tenha restaurantes três estrelas, o Brasil demonstra criatividade, talento jovem e capacidade de inovação, construindo gradualmente uma identidade gastronômica de destaque no continente.

O contraste entre os dois países mostra, antes de tudo, uma diferença de maturidade histórica. Enquanto a gastronomia italiana reflete séculos de técnicas e tradições regionais, hoje reconhecidas e premiadas no mundo inteiro, o Brasil vive uma fase vibrante de afirmação. Dois universos distintos, porém unidos pela mesma paixão: transformar ingredientes em cultura e fazer da mesa um lugar onde tudo acontece.

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