sáb. nov 15th, 2025

Turismo italiano cresce, mas metade das visitas se concentram em apenas 10 províncias (de 82)

O turismo na Itália voltou a crescer com força em 2024, superando finalmente os níveis de antes da pandemia. Foram 466 milhões de pernoites, um aumento de 7% em relação a 2019, segundo o estudo “Il turismo nelle province italiane” do Touring Club Italiano, baseado em dados do Istat. Mas o relatório também revela um dado curioso: metade de todas as estadias no país se concentra em apenas dez das 82 províncias (80 ordinárias e 2 autónomas), mostrando um turismo que avança em duas velocidades: dinâmico e internacional nos grandes centros, mais tímido e local no resto do território.

Em primeiro lugar está Roma, com 47,2 milhões de pernoites e um salto de 37%, seguida por Veneza (38,8 milhões, +2%) e Bolzano (37 milhões, +10%). Milão (18 milhões, +10%) e Nápoles (14 milhões, +2%) também aparecem entre os destinos mais visitados, enquanto Florença (13 milhões) e Rimini (11 milhões) registram leves quedas. No outro extremo, Isernia, no Molise, continua sendo a província menos visitada do país, com menos de 80 mil pernoites.

A pesquisa mostra ainda que os estrangeiros representam hoje 54% de todas as presenças turísticas, superando amplamente o mercado doméstico. As maiores proporções de visitantes internacionais estão nos lagos do Norte e nas grandes cidades de arte: Como (83%), Florença e Verona (79%), Veneza e Roma (mais de 70%). Já no sul, o turismo interno domina: Campobasso (92%), Crotone (91%) e Cosenza (90%) mantêm um perfil mais italiano e familiar.

Outro dado relevante é o crescimento do setor extra hoteleiro (apartamentos, bed & breakfasts e casas de temporada) que já responde por 39% das hospedagens e cresceu 17% desde 2019. As cidades metropolitanas impulsionam essa transformação: Bolonha (+115%), Bari (+109%) e Milão (+91%) lideram tanto em presenças quanto em aumento de leitos (+113%). No total, a Itália oferece hoje 5,5 milhões de camas turísticas, 6% a mais que há cinco anos.

Apesar dos bons números, a concentração de turistas em poucos lugares cria uma pressão territorial crescente. Rimini (44,5 presenças por km²) e Veneza (42,8) são as províncias mais “espremidas”, seguidas de Nápoles (33,3) e Milão (31,2). Já regiões como Isernia, Enna, Rieti e Benevento recebem menos de 0,2 presenças diárias por km², mostrando o contraste entre áreas superexploradas e outras quase esquecidas.

Nas zonas alpinas, o peso do turismo sobre os residentes é ainda mais evidente: Bolzano, por exemplo, registra 188 presenças diárias a cada mil habitantes, seguida por Trento (98,5) e Aosta (82,2). São destinos que vivem intensamente da hospitalidade, mas que enfrentam o desafio de equilibrar qualidade de vida e fluxo turístico.

O retrato geral é o de um turismo italiano vibrante, mas desigual. Cresce a procura internacional, cai a sazonalidade e o setor extra hoteleiro ganha força, enquanto as metrópoles e polos turísticos reforçam sua liderança. O desafio, agora, é transformar essa expansão em um crescimento equilibrado e sustentável, capaz de garantir experiências autênticas, distribuídas e duradouras. O verdadeiro luxo do viajar na Itália contemporânea.

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