World Amaro Day: o liquor ritual italiano que conquistou o paladar global

Amaro significa literalmente “amargo”, mas sua definição vai muito além do gosto. Trata-se de um licor feito a partir da infusão de ervas, raízes, especiarias, flores e cascas de frutas em álcool ou vinho, seguido de um período de maturação. Cada marca – e cada região – tem sua fórmula secreta, transmitida como se fosse um patrimônio familiar.
Os ingredientes mais comuns incluem: genciana, ruibarbo, casca de laranja amarga, cardamomo, sândalo, funcho, aloé. O resultado? Um perfil que oscila entre notas balsâmicas, doces, picantes e medicinais. Um “abraço amargo” com final reconfortante.
As primeiras receitas de amaro surgem nos mosteiros, preparados por monges como remédios digestivos e tônicos curativos. A partir do século XIX, com a difusão de boticas e laboratórios familiares, o amaro se transforma em licor social, uma bebida que fecha as refeições e abre conversas.
Tradicionalmente, o amaro é servido puro, levemente gelado, após as refeições. Mas o World Amaro Day reforça também seu papel no universo da mixologia moderna: virou ingrediente chave em coquetéis contemporâneos e reinterpretou clássicos como o Negroni ou o Spritz, trazendo um toque herbáceo e sofisticado. Exemplos de coquetéis com amaro são Black Manhattan (com amaro no lugar do vermute), Amaro&Tonic, Negroni Amaro.
O World Amaro Day nasceu da iniciativa de produtores, especialistas e apaixonados pela bebida com o objetivo de valorizar: a tradição artesanal, o uso de ervas e especiarias locais, a cultura erborística italiana, a criatividade nos coquetéis Na Itália e no exterior, a data é marcada por degustações, aulas sensoriais, encontros com mestres destiladores e criações de drinks especiais.
O amaro é uma viagem sensorial à Itália: cada gole evoca montanhas alpinas, campos de ervas mediterrâneas e cozinhas familiares onde tudo termina com um “cin cin!”. No World Amaro Day, mais do que beber, trata-se de reconhecer um pedaço da alma italiana que atravessou oceanos e continua viva no ritual do depois-da-refeição.
Com a forte presença de comunidades ítalo-descendentes, especialmente no Sul e Sudeste, o amaro encontra terreno fértil entre memórias familiares e a crescente cultura de coquetelaria. Alguns bares italianos já organizam menus especiais para o fim de outubro, enquanto lojas de importados relatam aumento nas vendas durante o período. Isso porque para muitos ítalo-descendentes no Brasil, o amaro pode ser lembrança de um nonno trazendo “um golinho depois do almoço”, um sabor amargo e perfumado que parece estranho ao primeiro encontro, mas que conquista com o tempo, como a própria saudade.
