Outra mostra imperdível para quem estiver de férias em Roma entre agora e o início de maio: as Scuderie del Quirinale (sede da presidência da Republica) abrem as portas para uma imersão monumental no Antigo Egito com a exposição “Tesori dei Faraoni”, que reúne 130 obras raríssimas vindas diretamente do Museu Egípcio do Cairo, do Museu de Luxor e do Museu Egizio de Turim. Muitas delas jamais haviam saído do território egípcio. A duração da mostra é excepcional – de 24 de outubro até 3 de maio – e as expectativas de público são ambiciosas, com dezenas de milhares de ingressos já reservados antecipadamente e previsão de alcançar cifras recordes de visitação.
Ao entrar nas salas, o visitante é envolvido por uma narrativa visual que combina cor e simbolismo: o azul profundo dos lapislázulis reveste os painéis, o ouro brilhante dos sarcófagos reluz na penumbra, remetendo à tonalidade âmbar considerada idealizada para a pele dos faraós, enquanto o branco translúcido do alabastro aparece nos vasos canópicos que acolhiam os órgãos retirados durante o processo de mumificação. O preto, longe de evocar luto, simboliza fertilidade e renascimento, cor do lodo depositado anualmente às margens do Nilo após a cheia, ciclo que determinava a alternância entre deserto e vida renovada com o florescer dos papiros.
A mostra cobre aproximadamente mil anos de história, reunindo peças funerárias, elementos de culto, objetos de uso cotidiano e pequenas esculturas de altíssimo refinamento. Entre os destaques estão o sarcófago dourado da rainha Ahhtep II e a impressionante colana conhecida como “Moscas de Ouro”, o rico conjunto funerário de Psusennes I e o monumental sarcófago de Tuya. No percurso, surgem também objetos ligados à vida diária, como utensílios usados na produção de pão e cerveja, revelando detalhes do cotidiano no Egito faraônico e mostrando que a narrativa histórica ultrapassa a figura dos governantes, incluindo aqueles que faziam parte de sua corte e das camadas sociais ao redor.
Um dos pontos mais aguardados é a exibição dos achados recentes da “Cidade Dourada” de Amenófis III, descoberta em 2021, que pela primeira vez ganham espaço em uma grande mostra internacional. O trajeto expositivo culmina com a presença da célebre Mensa Isiaca, considerada um elo simbólico entre a cultura egípcia e o mundo romano, reforçando a conexão milenar entre as duas civilizações, eixo cultural que encontra novo diálogo na contemporaneidade.
Com audioguia disponível em quatro idiomas, incluindo uma versão adaptada para o público infantil, a mostra se apresenta não apenas como um evento estético de grande impacto, mas também como um itinerário educativo que pretende atrair estudantes, curiosos e apaixonados por arqueologia. Ao mesmo tempo, insere-se no contexto de intensificação das relações culturais entre Itália e Egito e reflete estratégias mais amplas voltadas ao diálogo com o continente africano.
“Tesori dei Faraoni” promete ser uma das experiências mais impactantes do circuito expositivo europeu nos próximos meses. Para quem planeja uma viagem a Roma, é a oportunidade de caminhar entre relíquias que atravessaram milênios e testemunhar como o brilho do ouro e o silêncio da pedra continuam a narrar histórias de poder, fé e busca pela eternidade.
O esplendor faraônico toma Roma: mostra de tesouros egípcios ocupa o Quirinale até maio

