qui. out 30th, 2025

Das origens das Ferrovie dello Stato à Trenitalia: mais de um século de trilhos italianos

A história do transporte ferroviário na Itália tem suas raízes no século XIX, quando a jovem nação unificada começou a ligar as diversas regiões com as primeiras grandes linhas. Durante décadas, a gestão ficou a cargo de companhias privadas, com resultados desiguais e muitas vezes ineficientes. O ano de 1905 marcou a virada: com a Lei Fortis, o Estado decidiu assumir diretamente o controle da rede ferroviária, instituindo as Ferrovie dello Stato (FS). O objetivo era ambicioso: garantir um serviço unificado e moderno, capaz de sustentar o desenvolvimento econômico e industrial do país.

Nas décadas seguintes, a FS tornou-se uma das maiores empresas públicas italianas. Sob o fascismo, as ferrovias tiveram um papel estratégico, tanto civil quanto militar, enquanto no pós-guerra foram fundamentais para a reconstrução e o crescimento econômico. Já nos anos 1930 haviam chegado os primeiros trens rápidos elétricos, mas foi no pós-guerra que a FS se destacou com inovações como o ETR 300 “Settebello”, símbolo do design italiano. Nos anos 1970 surgiram os trens de pendulação ativa, os ETR 401, precursores da Alta Velocidade.

As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas por profundas transformações. Por um lado, a Itália começava a projetar a futura rede de Alta Velocidade; por outro, a União Europeia incentivava os países membros a separar a gestão da infraestrutura da dos serviços. Em 1992, a FS tornou-se uma sociedade anônima totalmente controlada pelo Ministério do Tesouro, abrindo caminho para um modelo mais industrial e competitivo.

A passagem crucial ocorreu em 2000 com o nascimento da Trenitalia S.p.A., controlada pelo grupo Ferrovie dello Stato Italiane. À nova empresa cabia a gestão dos serviços de transporte de passageiros e mercadorias, enquanto a rede foi confiada à Rete Ferroviaria Italiana (RFI).

Nos anos 2000, a Trenitalia viveu uma fase de relançamento, centrada no desenvolvimento da Alta Velocidade: de 2005 a 2009, o eixo Turim–Salerno tomou forma, mudando radicalmente a forma de viajar e reduzindo os tempos entre as grandes cidades italianas. Paralelamente, a empresa teve de enfrentar desafios nos serviços regionais, entre exigências orçamentárias e o direito à mobilidade cotidiana dos passageiros.

O ano de 2012 marcou uma nova fase, com a entrada do concorrente privado Italo (NTV), que obrigou a Trenitalia a diversificar a oferta e a reforçar a sua identidade com as marcas Frecciarossa, Frecciargento e Frecciabianca.

Hoje, o grupo Ferrovie dello Stato, com a Trenitalia como coração pulsante, é um player europeu: administra rotas no Reino Unido, Espanha, França e Alemanha, e olha para o futuro com investimentos em sustentabilidade, digitalização e trens de baixas emissões. Depois de mais de um século, das origens estatais de 1905 até os desafios do mercado global, as ferrovias italianas continuam a representar um motor de inovação, conectando o país e projetando-o para uma mobilidade cada vez mais verde e integrada.

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