ter. set 30th, 2025

Milão Fashion Week Mulher PE 2026 — Balanço final, radição que muda de pele entre realismo, artesanato, espetáculo

ByMauro Fanfoni

30 de setembro de 2025 , , ,
VERSACE

De 23 a 29 de setembro Milão apresentou uma moda que retorna ao uso real sem abrir mão do sonho: alfaiataria fluida, couros gráficos, transparências inteligentes, tramas táteis. Uma semana compacta, marcada por estreias fortes (entre elas Versace com Dario Vitale) e por momentos de cultura pop que transformaram o desfile em narrativa coletiva.

Análise geral

Prada trabalhou a relação corpo/estrutura: organza sobreposta, transparências controladas, alfaiataria “móvel”; leveza como função, não como ornamento.

Bottega Veneta definiu um luxo silencioso: volumes puros, tramas materiais, técnicas que se percebem de perto mais do que em fotos.

Giorgio Armani encerrou o fim de semana com sedas impalpáveis e reflexos madrepérola, reafirmando a ideia de uma graça atemporal.

Versace (estreia de Dario Vitale) reacendeu o léxico da casa com estampas ousadas, cores vibrantes, denim em tons fortes, bra-tops e ternos esculturais, modernizando a energia do final dos anos 80 de Gianni.

Dolce & Gabbana transformou a passarela em cena de “PJ Obsession”: pijamas couture com cristais, rendas e faux-fur; e a primeira fila virou cinema com Meryl Streep (Miranda Priestly) e Stanley Tucci (Nigel) sentados diante de Anna Wintour para as filmagens da sequência de O Diabo Veste Prada.

Tendências dominantes

Transparências disciplinadas (organza, chiffon) que revelam sem expor.

Couro gráfico & artesanato (Tod’s, Ferragamo) em paleta natural com acessórios esculturais.

Alfaiataria suave e sedosidade luminosa (Armani).

Tramas e texturas (Bottega Veneta) como linguagem identitária.

Denim e peças coloridas separadas (Versace) reacendendo o espírito pop da cidade.

Estreias e impacto

Versace / Dario Vitale: estreia de alta voltagem (local intimista, imprensa internacional), com estampas poderosas, ternos estruturados e bra-tops; uma reafirmação do glamour energético da casa.

Gucci (em formato não tradicional) e outras mudanças criativas marcaram um turn-over geracional; mas foi em Milão que o diálogo entre herança e presente ganhou corpo.

Moda & cinema: D&G transformou Milão em set a céu aberto com Streep/Tucci, amplificando o impacto midiático global da semana.

Top looks icônicos 

VersaceTerno estampado em cores saturadas com bra-top joia e denim contrastante: o manifesto da estreia de Vitale entre pop e rigor.

Dolce & GabbanaPijama couture em seda listrada com bordados de cristais e faux-fur slides: conforto elevado a espetáculo.

PradaVestido em organza preta sobre alfaiataria sutil: transparência “útil” que molda o corpo.

Bottega VenetaVestido longo em couro finíssimo + maxi intrecciato: quiet luxury tátil.

Giorgio ArmaniConjunto perolado em seda com blazer impalpável: a linha da elegância que desliza.

Emergentes / novas vozes

Marco RambaldiCrochê multicolorido com mensagens inclusivas bordadas: comunidade em passarela.

SunneiTotal look fluo desestruturado apresentado em chave performática: ironia metropolitana.

MSGMMinivestido gráfico ácido: energia pop, ritmo urbano.

Encerramento (imersivo)

Quando as luzes se apagaram, recordei o farfalhar da organza, o toque do couro fino, o sorriso surpreso de uma plateia que — diante dos pijamas cravejados de cristais e das estampas gritantes da Versace — percebia estar vivendo um momento em que a cidade muda sem se trair. Milão não escolheu entre memória e futuro: vestiu ambos, como só ela sabe fazer.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *