Existe uma Itália que não se mede por praças monumentais nem por metrópoles reluzentes, mas por vilarejos capazes de encantar com sua autenticidade. É essa Itália que a Forbes quis celebrar em sua lista dos cinquenta vilarejos mais bonitos do mundo e que encontra em Manarola, joia das Cinque Terre, seu embaixador perfeito.
Chegar a Manarola é como entrar em uma pintura viva: casas em tons pastéis escalam o rochedo, debruçando-se sobre um mar que, ao pôr do sol, parece pegar fogo. As vielas estreitas, os “carrugi” que serpenteiam entre arcos e escadarias, guardam o ritmo lento de um vilarejo que resiste à pressa moderna. Aqui a vida é feita de gestos antigos: o pescador que volta com as redes, o agricultor que sobe os terraços para cuidar das videiras, as famílias que se encontram na praça ao cair da tarde.
Mas Manarola não é apenas uma joia de cartão-postal. É também sabor, aroma, convivência. O mar traz à mesa anchovas fresquíssimas, servidas marinadas ou recheadas, seguindo a tradição da Ligúria. As colinas cobertas de vinhedos dão origem ao célebre Sciacchetrà, um vinho passito âmbar e intenso, perfeito para acompanhar as sobremesas locais ou simplesmente para ser saboreado com calma, como um ritual contemplativo. E não faltam os pratos que falam da Ligúria: o pesto feito no pilão, o azeite de oliva que carrega perfumes de ervas mediterrâneas, as tortas salgadas de legumes que revelam a riqueza da cozinha simples transformada em arte.
Passear por Manarola é deixar-se surpreender a cada esquina. O olhar corre do azul profundo do mar às fachadas coloridas que desafiam a gravidade, até os vinhedos que desenham as colinas. É um vilarejo que não pede para ser visitado às pressas, mas para ser vivido: sentar-se nas pedras para ouvir as ondas, parar em uma trattoria para conversar com quem ali nasceu e cresceu, erguer a taça diante do sol que se despede.
Não surpreende que Forbes tenha escolhido Manarola como um dos vilarejos mais bonitos do mundo: ele representa a essência do Bel Paese. Sua beleza não é ostentação, mas natureza; sua gastronomia não é artifício, mas memória; sua hospitalidade não é marketing, mas cultura. É o rosto mais verdadeiro da Itália: aquele que encanta sem precisar de grandes palavras, aquele que deixa no coração a vontade de voltar.