seg. set 15th, 2025

IBAMA investiga JBS e outros frigoríficos por compra de gado de áreas desmatadas na Amazônia: reflexos também nas relações comerciais com a Itália e a União Europeia.

O fenômeno da “lavagem de gado”, a triangulação de bovinos provenientes de áreas ilegalmente desmatadas e posteriormente revendidos como “limpos”, continua ameaçando a preservação da Amazônia e levantando preocupações nos mercados internacionais.

O IBAMA, instituto ambiental do Brasil, notificou 12 frigoríficos, entre eles duas unidades da JBS e outras empresas como Frigol e Mercúrio, no âmbito da terceira fase da Operação Carne Fria.

As investigações revelam que alguns estabelecimentos – em especial os de Tucumã (PA) e Marabá (PA) – teriam adquirido bovinos oriundos de áreas embargadas por desmatamento ilegal.

Segundo dados divulgados, seis frigoríficos já foram multados em R$ 4 milhões pela compra direta de 8.172 cabeças de gado de áreas proibidas. No total, o IBAMA também apreendeu mais de 7.000 bovinos em fazendas cujo uso comercial havia sido bloqueado e aplicou multas que somam R$ 49 milhões.

A organização britânica Earthsight, especializada em investigar a relação entre crimes ambientais e cadeias globais de consumo, divulgou um relatório – repercutido pela Bloomberg, segundo o qual quase um quarto da carne bovina exportada pelo Brasil para os Estados Unidos vem de frigoríficos localizados próximos a áreas atingidas por desmatamento ilegal.

Atualmente, 13 unidades localizadas na Amazônia estão autorizadas a exportar para os EUA, cinco delas em Rondônia, onde uma legislação recente regularizou o pasto de mais de 200 mil cabeças de gado em uma área originalmente destinada à conservação ambiental.

Implicações para o comércio internacional e para a Itália

A questão não envolve apenas Estados Unidos e Brasil. A União Europeia – e em especial a Itália, um dos principais importadores de carne e couro brasileiros – acompanha com atenção o desenrolar das investigações.

As denúncias de greenwashing e de desmatamento associado à cadeia bovina ameaçam a imagem do Brasil nos mercados europeus, justamente no momento em que a Comissão Europeia reforça os controles de due diligence ambiental sobre as importações.

Na Itália, diversos grupos da distribuição e da moda – setores ligados respectivamente à carne e ao couro – já tiveram de revisar suas cadeias de fornecimento para cumprir os padrões de rastreabilidade e sustentabilidade exigidos pelas novas normas europeias. A questão, portanto, impacta diretamente tanto o comércio alimentício quanto o manufatureiro.

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