ter. set 9th, 2025

Ferias de verão na Italia: estrangeiros puxam a recuperação, mas nem todos surfam a onda.

ByLuiz Antônio Cafiero

8 de setembro de 2025 , ,

O verão 2025 na Itália deixou um sabor agridoce para quem vive de turismo. Depois de meses de apreensão com as notícias sobre queda nas reservas, o balanço da temporada mostra um quadro mais estável do que o esperado. Graças sobretudo aos visitantes vindos de fora, que cresceram +2,8% em relação a 2024 e ajudaram a equilibrar a conta, o setor fechou o trimestre de junho a agosto praticamente no zero a zero: +0,2% de pernoites no total, ou seja, mais de 215 milhões de noites registradas nas estruturas turísticas do país. É o que destaca a pesquisa Assoturismo Confesercenti.

O que pesa é o comportamento do turista nacional. Entre cortes no orçamento, férias fracionadas ao longo da estação e uma maior curiosidade por destinos fora da Itália, os viajantes locais garantiram apenas 104 milhões de pernoites, caindo -2,5%. Montanhas (+1,7%) e lagos (+0,8%) foram as únicas exceções positivas, mostrando que os italianos estão buscando experiências alternativas às clássicas praias de verão.

A boa notícia veio de fora. O fluxo estrangeiro se espalhou principalmente pelo Noroeste (+4,5%) e pelo Sul e ilhas (+3,7%), enquanto o Centro ficou mais tímido (+1,6%). Campanhas, colinas e destinos de montanha registraram os melhores crescimentos, com um charme extra que atraiu viajantes em busca de contato com a natureza. Já as cidades de arte ficaram quase estagnadas (+0,3%), com melhor desempenho em centros menores e menos saturados.

Os franceses lideraram o crescimento, especialmente em regiões de montanha, lagos e destinos termais. Vieram também mais visitantes de Polônia, República Tcheca, Países Baixos, Bélgica e Suíça, além de um leve aquecimento dos fluxos do Reino Unido, Espanha, Escandinávia, Brasil e até mesmo da China e de países árabes. Por outro lado, sentiram-se as ausências dos alemães e norte-americanos: juntos, foram quase 900 mil pernoites a menos. Pesaram a crise econômica na Alemanha e o dólar enfraquecido, sem contar o alerta de viagem emitido em junho pelos EUA, que elevou o nível de atenção para quem visita a Itália. Também vieram menos japoneses, coreanos e australianos.

No fim das contas, só o Noroeste (+1,6%) e o Nordeste (+0,7%) conseguiram fechar com sinal positivo. O Centro (-0,3%) e o Sul-ilhas (-0,7%) sentiram mais o peso do recuo dos italianos. Entre os “produtos turísticos”, o balneário ficou em queda (-1,2%), assim como as grandes cidades de arte (-0,3%), enquanto destinos ligados à natureza (campo, montanha, lagos, termas) se beneficiaram do interesse estrangeiro.

O verão 2025 mostra que o turismo italiano está em fase de transição: menos homogêneo, mais diversificado e com uma crescente dependência dos visitantes internacionais.

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