qui. ago 21st, 2025

Os nomes desaparecidos da alta moda romana

Roma, berço da grande beleza e capital incontestável das artes, foi também, durante décadas, um farol da alta moda. Muito antes de Milão conquistar o cetro do fashion system italiano, a Cidade Eterna era o palco privilegiado de ateliês, desfiles e maisons que, embora tenham deixado marcas profundas, acabaram relegados ao esquecimento.

Nos anos 1950 e 1960, a chamada “Hollywood no Tibre” fez explodir o esplendor das alfaiatarias romanas. As divas do cinema americano, que desembarcavam em Cinecittà para filmar épicos históricos, desfilavam pela Via Veneto e frequentavam os ateliês da Via Condotti, Via Borgognona e Piazza di Spagna. Foi a era dourada de Fernanda Gattinoni, adorada por Audrey Hepburn; de Fabiani; de Emilio Schuberth, conhecido como “o alfaiate das divas”; de Simonetta e das irmãs Fontana, capazes de traduzir em vestidos a elegância sofisticada — e cinematográfica — de uma época irrepetível.

Ao lado dos grandes nomes sobreviventes, como Valentino e Fendi, existia um verdadeiro arquipélago criativo de estilistas e maisons hoje esquecidos, mas que foram decisivos para definir o DNA da alta moda romana. Vale lembrar de Battilocchi, refinado intérprete de um luxo discreto, ou de Roberto Capucci, o gênio das arquiteturas têxteis, que apesar de ainda ser reverenciado como ícone, viu seu protagonismo internacional diminuir com o tempo.

O declínio dessas casas foi lento, quase silencioso. Nos anos 1980 e 1990, a moda global entrou em outra lógica: Milão consolidava-se como capital do prêt-à-porter, enquanto Paris reforçava o mito de suas maisons históricas. Roma, mais ligada à tradição artesanal e menos preparada para os novos ritmos produtivos e comerciais, foi perdendo espaço. Muitos ateliês fecharam as portas; outros sobreviveram apenas na memória de colecionadores ou preservados em arquivos museológicos.

Hoje, revisitar os nomes esquecidos da alta moda romana é reconstruir um capítulo essencial da cultura italiana: não apenas da moda, mas de um entrelaçamento vibrante entre cinema, arte, sociedade e costumes. É uma memória que merece ser preservada, pois revela uma época em que Roma, mais do que nunca, foi o verdadeiro palco do sonho.

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