Em Verona, a cidade de Romeu e Julieta, cada rua respira história. Milhões de turistas de todo o mundo vêm em busca de romance, arte e, claro, um selfie com a Arena. Mas para os guias turísticos que conduzem esses peregrinos, a jornada é muitas vezes pontuada por momentos de genuíno espanto. Afinal, por trás da paixão pela cidade, esconde-se um universo paralelo de perguntas tão bizarras que parecem ter saído de uma comédia.
De acordo com relatos de guias da associação Ippogrifo, Verona se tornou o palco de uma série de mal-entendidos hilários e, às vezes, preocupantes. Imagine a cena: um guia, com anos de estudo e paixão pela história, descreve a majestade do anfiteatro romano, apenas para ouvir a pergunta mais inesperada: “Estamos em Verona ou em Roma?”. E, se a confusão não fosse suficiente, há quem insista: “Se não estamos em Roma, por que existe um Coliseu aqui?”. Sim, a desinformação é real, e os guias admitem que parte disso vem dos “guias” não autorizados, que espalham informações tão falsas que fazem a Arena parecer uma caixa de ressonância de violão.
O toque e o piquenique: Quando a curiosidade vira desrespeito
A curiosidade, embora natural, às vezes ultrapassa os limites da etiqueta e do bom senso. Os guias relatam com exasperação o hábito de alguns turistas de tocar pedras antigas ou se debruçar sobre afrescos para “verificar a autenticidade” — um toque inocente que pode causar danos irreversíveis.
Mas a ingenuidade tem um limite. Conforme relatado pelo Corriere della Sera, umaa guia descreveu cenas que beiram o absurdo: turistas escrevendo nas paredes da Casa de Julieta, transformando um patrimônio histórico em um quadro-negro pessoal, ou fazendo piqueniques nas escadarias da Domus Mercatorum, como se fossem a grama de um parque. Outros, buscando um alívio do calor, usam a Fonte da Madonna di Verona como se fosse um chuveiro público, sem perceber que estão se banhando em uma obra de arte.
A questão, segundo os guias, não é a falta de educação, mas a falta de “educação sobre o uso da cidade”. Enquanto o nível cultural médio dos visitantes de Verona permanece alto, esses incidentes mostram que o respeito pelo patrimônio não é universal. A esperança é que, assim como se exige o uso de xales para entrar em igrejas, se crie um programa que eduque os visitantes a tratar a cidade como um museu a céu aberto, e não como um parque de diversões.
Afinal, Verona é uma cidade de grandes obras. E a maior delas, talvez, seja a paciência de seus guias, que, com um sorriso no rosto e um olhar de espanto, continuam a guiar o público por um mundo onde a história e as perguntas improváveis se encontram a cada esquina.