sáb. jul 26th, 2025

Onde a culinária da avó encontra a Roma Moderna

Em meio a uma Roma efervescente, onde a gastronomia da “vovó” por vezes é apenas uma nota de rodapé, surge um restaurante que celebra essa tradição com orgulho e sem disfarces. O Rosina, aberto em abril de 2023 perto do Campo de’ Fiori, não é apenas mais um restaurante; é uma ode à culinária caseira italiana, um verdadeiro convite a uma viagem de sabores que vai muito além das fronteiras do Lácio.

A mente por trás do Rosina é Gianmarco Iorio, um veterano da cozinha com uma linhagem gastronômica que inclui seu avô, o lendário ator Mario Brega, e sua avó Rosina, uma calabresa que inspirou o nome e a alma do negócio. “Tínhamos uma trattoria em Porta Pia, e de 20 primos de segundo grau, 10 se tornaram chefs”, conta Iorio, evidenciando o DNA culinário da família. Após anos em restaurantes de grande porte e alta gastronomia, Gianmarco uniu forças com Giacomo Galliera, Simone Franzon e Francesco Costantini Melchiorri, seus futuros sócios, que compartilhavam o mesmo apreço por “massas e batatas e outros pratos menos gourmet, que, no entanto, eram maravilhosos”.

A ideia de um restaurante focado na comida da avó nasceu das refeições da equipe, repletas de pratos reconfortantes e saborosos. O Rosina é um mosaico de memórias familiares: a Calábria de Gianmarco, a Sardenha de Simone, Abruzzo de Marco (o gerente) e Lodi do chef executivo, Davide Tangari, que trouxe 15 anos de experiência em grandes cozinhas, incluindo a de Antonino Cannavacciuolo. Juntos, eles convenceram o antigo proprietário da Trattoria Da Sergio alle Grotte de que eram os herdeiros ideais para manter a tradição de hospitalidade, abrindo as portas do Rosina com seus 50 lugares internos e mais 30 na área externa.

Um menu que acolhe e delicia: Do consagrado ao “A Avó Cuida”

O cardápio do Rosina, que muda sazonalmente, mantém alguns clássicos que já conquistaram o público. Destaques incluem a almôndega genovesa com fondue de pecorino (€13), a ousada pizza de língua de boi e salsa verde (€12) e, claro, o ravióli feito à moda da Vovó Rosina (€15), com um recheio simples de ricota e espinafre, molho de tomate e um toque surpreendente de raspas de limão. Os tradicionais pratos romanos de massa, almôndegas ao molho (€16) e frango à cacciatore também são presenças fixas.

Para os que buscam uma imersão em outros “dialetos” gastronômicos, há o famoso risoto de ossobuco e açafrão (€18) — “até pedem em agosto!”, brinca Iorio —, a orelha de elefante (cotoletta alla milanese), ensopado de ovelha alla callara, tortellini (em caldo ou com creme clássico) e até seadas, uma iguaria sarda.

Para quem não teme um almoço grandioso, o Rosina oferece o menu “A avó cuida“: uma mesa farta com quatro aperitivos, um primeiro prato flamengo para compartilhar, um segundo prato e sobremesa, tudo por €45. A qualidade é garantida por ingredientes selecionados: queijos e embutidos da Tenuta Il Radichino, massas da Lagano em Pomezia, pães e focaccias feitos na casa, e uma adega impecável curada pelo mestre sommelier Marco Campitelli.

Memórias, humor e um toque de “Street Food”

Apesar de estar em uma área turística, os fundadores do Rosina não se consideram um restaurante para turistas, embora muitos estrangeiros se tornem fãs devotados, a ponto de convidar a equipe para cozinhar no exterior. Além do restaurante, o Rosina expande sua culinária caseira para eventos e feiras, transformando pratos clássicos em opções de comida de rua, como wraps com ragu de carneiro ou pãezinhos com almôndegas ao molho.

A experiência no Rosina vai além do paladar. A comunicação do restaurante é leve e divertida, com ares de casa de avó. O chef Iorio decorou o ambiente com máximas familiares, impressas em adesivos, jogos americanos e até letreiros de neon, como “Você não está de dieta”, “Eu só limpei”, “Se seu pai te visse” e o emblemático “Nun te c’abbottà” (“Não se empanturre”), impresso diretamente no saco de pão.

No Rosina, o sabor da memória é o prato principal, servido com autenticidade e um toque de humor. É o lugar onde a culinária da avó não é inspiração, mas sim a estrela do espetáculo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *