qui. out 30th, 2025

Assinatura do acordo da Ponte do Estreito de Messina sela o primeiro passo rumo à obra do século

Em uma cerimônia repleta de simbolismo e peso político, o tão aguardado Acordo de Programa para a construção da Ponte do Estreito de Messina foi oficialmente assinado ontem (16) no Ministério da Infraestrutura e Transportes da Itália. A ocasião, que marca o ponto de partida para um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos da história italiana, reuniu autoridades de alto escalão e líderes técnicos das principais empresas envolvidas na operação.

O vice-primeiro-ministro e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini, liderou a cerimônia e celebrou o acordo como “um momento histórico para a Sicília, a Calábria e toda a Itália”. Estiveram ao seu lado o ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, o presidente da Região da Sicília, Renato Schifani, e o presidente da Região da Calábria, Roberto Occhiuto — todos signatários do documento.

Também assinaram o pacto Pietro Ciucci, CEO da Stretto di Messina S.p.A (empresa responsável pela construção da ponte), Aldo Isi, CEO da Rete Ferroviaria Italiana (RFI), e Claudio Gemme, CEO da Anas. Alessandro Morelli, subsecretário da Presidência do Conselho de Ministros, marcou presença, reforçando o apoio institucional de Roma à megaconstrução.

Uma ponte entre duas regiões e um novo capítulo para o sul da Itália

A Ponte do Estreito de Messina, que ligará a Sicília ao continente italiano pela primeira vez por via terrestre, é mais do que um símbolo de engenharia — é uma promessa de integração, desenvolvimento econômico e coesão territorial. O novo acordo especifica os compromissos técnicos e operacionais dos entes envolvidos, preparando o terreno para as primeiras movimentações de canteiro e ajustes de infraestrutura.

As ações iniciais sob responsabilidade da Anas incluem a transferência e realocação das áreas de serviço desativadas de Villa San Giovanni Leste e Oeste, fundamentais para a instalação do canteiro de obras. Será construído um cruzamento rodoviário entre essas duas áreas, garantindo a funcionalidade logística da fase preparatória.

A Stretto di Messina também atuará na manutenção da área de serviço leste de Villa San Giovanni e na revitalização da orla da cidade, que será um dos pontos mais impactados visualmente pelo novo eixo viário. Todos esses custos já estão contemplados no orçamento total do projeto.

Alta velocidade, mobilidade urbana e um novo mapa ferroviário

Por sua vez, a RFI assume a missão de integrar a nova ponte às grandes redes ferroviárias nacionais. Entre as ações previstas, destacam-se:

  • A conclusão de trechos estratégicos da linha de alta velocidade Battipaglia–Reggio Calabria;
  • A construção, até 2032, de conexões ferroviárias com a linha tradicional em direção a Villa San Giovanni e Reggio Calabria;
  • A implantação de ramais ligando o túnel de Santa Cecília à linha Messina-Catania;
  • A criação de novas estações de metrô urbano nas zonas de Papardo, Annunziata e Europa, em Messina;
  • A nova estação Messina Gazzi, vinculada à requalificação da central Messina Centrale.

Além disso, será ocultado o desvio ferroviário de Cannitello, em consonância com critérios de paisagem e sustentabilidade.

Próximos passos e responsabilidades futuras

O acordo também estabelece as atribuições permanentes dos entes após a entrada em funcionamento da ligação fixa. A RFI será responsável pela manutenção total da infraestrutura ferroviária da ponte — ordinária e extraordinária.

Já o Ministério da Infraestrutura se compromete a garantir a construção de um segundo túnel viário e à modernização do existente na ligação Giostra-Annunziata, além da conexão rodoviária entre Curcuraci-Fiumara Guardia e a Strada Panoramica dello Stretto — intervenções vistas como complementares à funcionalidade da ponte.

Um marco político e estrutural

A assinatura do acordo não apenas reativa um projeto que por décadas dividiu opiniões, mas também inaugura um novo ciclo de obras públicas com visão estratégica para o sul da Itália. A Ponte do Estreito de Messina, outrora sonho distante, agora avança para o campo do concreto — com cronogramas, responsabilidades claras e promessas de transformação profunda.

O desafio agora é transformar a assinatura de de ontem (16) no concreto de amanhã. E, ao que tudo indica, a travessia já começou.

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