O sexo pago na capital sempre desempenhou um papel crucial desde os tempos antigos, desde os bordéis da Roma Antiga aos bordéis do século passado.
Hoje a situação é toda na rua: as vias consulares estão fervilhando de vaga-lumes, transexuais da América do Sul, clientes, corpos seminus, equilibrados sobre saltos vertiginosos, surgindo na rua iluminados pelas chamas das fogueiras. Aqueles que não podem sair da calçada quando as temperaturas estão baixas se defendem queimando paletes de madeira e caixas de frutas nos cantos dos semáforos. De Cristóvão Colombo a Palmiro Togliatti, da Via Salaria à Via Tiberina, até as Muralhas Aurelianas que delimitam o centro histórico, a Roma da luz vermelha resiste e persiste.
Basta observar para ter uma ideia e traçar o mapa da “profissão mais antiga do mundo”, inalterada ao longo do tempo, sempre alvo de reclamações dos moradores, ignorada pela agenda política após algumas tentativas frustradas de conter o problema em nível local com decretos municipais, sanções ao cliente, projetos de “zoneamento” para confinar o fenômeno a áreas delimitadas. Um fenômeno cada vez mais difícil de ser interceptado, principalmente pela contínua mobilidade territorial de prostitutas ou trans na rua, muitas vezes empurradas por cafetões para mudar de área, bairro, cidade.
EUR e Marconi
Ao sul, o “pentágono” da EUR reina supremo, um bairro rico onde os moradores não toleram a coexistência com um mercado sexual que chega bem na frente de suas casas. É a área preferida de quem busca serviços pagos com transexuais, principalmente os que atuam na região do Cogumelo. E na Viale Europa e na Viale Umberto Tupini, o vai e vem de clientes é contínuo.
Qualquer pessoa que caminhe pela Viale Palmiro Togliatti vê dezenas deles todos os dias. Aqui a área geográfica de origem é principalmente a Europa Oriental. Romenos, eslavos, albaneses. A artéria que corta o leste de Roma, de Cinecittà a Tiburtino, é um mercado de sexo ao ar livre. Seu emblema é a Piazza Pino Pascali, perto da igualmente movimentada Via Collatina. Meninas, muito jovens, vestidas com roupas mínimas, andam de um lado para o outro no quadrante, na escuridão da noite. Algumas pessoas se trocam sentadas na calçada. O vaivém de motoristas decididos a escolher “sua” mulher e praticar atos sexuais encostados nas árvores que margeiam a praça é um espetáculo que acontece pontualmente todas as noites.
Não podemos esquecer do norte de Roma. Meninas de origem nigeriana lotam a Via Tiberina logo depois da Prima Porta. Ao longo da Via Salaria, no entanto, encontramos principalmente romenas. A faixa da direita é intransitável, quase correndo risco de colisão traseira para os carros de potenciais clientes que freiam de forma imprudente. Dezenas de mulheres, muitas menores de idade, sempre lotaram a via consular romana, mesmo perto do centro da cidade. Enquanto em Prati Fiscali e Val D’Ala os vaga-lumes chegam sob as janelas das casas e as relações sexuais são consumadas nas rampas das garagens ou em passagens subterrâneas.
Em direção a Óstia e à costa, do outro lado da cidade, temos a estrada Litoranea e o pinhal de Castelfusano, lugares que sempre foram povoados por vaga-lumes.
Já no Centro Histórico, menos evidente, mas sempre presente, o mercado do sexo também é predominante nas áreas centrais da cidade. Prostitutas — especialmente transexuais — também se aglomeram nas Muralhas Aurelianas durante o dia, lugares mais promíscuos do que as ruínas da Roma antiga. Da estação Termini até Esquilino, a compra e venda de serviços é desenfreada em ambientes fechados, nos quase bordéis escondidos atrás de placas de casas de massagem chinesas. Aqueles que desejam um relacionamento homossexual recorrem aos garotos que frequentam a área ao redor de Termini, ou da Villa Borghese, perto da Galeria de Arte Moderna. Vinte e quatro horas por dia, no centro e nos arredores, a Roma da luz vermelha nunca dorme e a cidade mantém viva até hoje toda sua promiscuidade sem nenhum pudor.
