sex. set 26th, 2025

Turismo na Itália: entre desafios, potencial e as apostas na sustentabilidade

O turismo italiano será o centro das atenções nesta quinta-feira (25) durante um evento promovido pelo jornal La Repubblica em Cavallino Treporti, no Vêneto. A conferência “O estato do turismo na Italia”, reunirá ministros, prefeitos de grandes cidades, gestores do setor e associações de classe para discutir como tornar a Itália ainda mais atrativa para viajantes de todo o mundo. No palco estarão nomes como o ministro Adolfo Urso, o presidente da Região Vêneto Luca Zaia e os prefeitos de Roma, Nápoles e Florença.

O encontro terá como eixo três grandes temas: baixa temporada, diversificação e sustentabilidade. Questões centrais para um país que, em 2024, registrou 225 bilhões de euros em receitas do turismo – cerca de 10% do PIB – e que emprega mais de três milhões de italianos.

De acordo com os dados mais recentes do Istat, o setor segue em crescimento. Entre abril e junho de 2025, os chegadas subiram 1,1% e as presenças 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado – um feito, considerando que 2024 já havia sido um ano recorde.
Ainda mais interessante: os números revelam uma tendência forte de viagens fora de temporada. Os municípios de montanha, por exemplo, cresceram 12% em presenças no segundo trimestre. Também o turismo extra-hoteleiro avançou: +6,1% nos chegadas e +5,4% nas estadias.

Esses dados indicam que a Itália não vive apenas do verão em suas praias ou do inverno nas Dolomitas, mas começa a se estruturar para receber turistas o ano todo.

Os desafios do setor
Apesar do otimismo, não faltam problemas a serem enfrentados. O primeiro é a capacidade de infraestrutura: transportes, hospedagem e serviços precisam acompanhar a nova dinâmica de um turismo contínuo, sem pausas sazonais. Isso impacta inclusive o mercado de trabalho, até então baseado em empregos temporários e sazonais.

Outro ponto crítico é o overtourism. Segundo pesquisa Ipsos, 56% dos residentes em cidades turísticas veem o excesso de visitantes como um problema. Basta lembrar que 75% dos turistas concentram-se em apenas 4% do território italiano, o que pressiona centros como Roma, Veneza e Florença, mas deixa vastas áreas do país ainda pouco exploradas.

A saída proposta por especialistas e pelo próprio governo é redistribuir os fluxos, incentivando a descoberta de rotas alternativas: povoados históricos, áreas rurais, vinícolas, montanhas e os famosos “caminhos” que unem peregrinação, natureza e gastronomia.

A sustentabilidade aparece como peça-chave do futuro do setor. Isso significa investir em mobilidade de baixo impacto (ferrovias históricas, ciclovias, caminhadas de longa distância), em energia limpa para hotéis e transportes, além de incentivar práticas responsáveis por parte de empresas e visitantes.

Mais do que um debate setorial, o turismo é visto como um cartão de visita do Made in Italy. Ao lado de moda, design e gastronomia, a hospitalidade italiana precisa se reinventar, oferecendo experiências autênticas, sustentáveis e inclusivas.

Seja explorando vinhedos na Toscana, pedalando pelas trilhas do Vêneto ou descobrindo aldeias medievais da Úmbria, a Itália quer provar que pode ser vivida 12 meses por ano.

E é essa a mensagem que o evento de Cavallino Treporti pretende reforçar: um país que acolhe, encanta e se reinventa – sempre com uma mesa posta e um brinde ao futuro.

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