sex. ago 8th, 2025

Roma (re)inventa o paladar: os novos sabores que nascem em pleno agosto na cidade eterna

Agosto em Roma tem cheiro de asfalto quente, oco de vozes nas ruas e cadeiras empilhadas atrás de vitrines fechadas. Quando os romanos escapam para o mar e as montanhas, a cidade parece suspensa no tempo. Mas, sob esse manto de aparente letargia, pulsa uma energia nova, quase secreta — feita de fornadas, taças tintilantes e estreias gastronômicas que desafiam a lógica da baixa temporada. A Roma de agosto não está morta: está fermentando.

Entre ruas que cheiram a história e bairros que os turistas ainda não tomaram, uma série de inaugurações vem reacendendo a cena culinária da capital. De trattorias íntimas a bares de vinhos artesanais, passando por rooftops elegantes e até comida grega servida em tempo de fast-food, a cidade ressurge das cinzas do verão com um apetite renovado.

No coração do centro histórico, o Nomus será a nova vitrine criativa do chef Giulio Zoli, que inaugura seu primeiro restaurante autoral em setembro, mas já abre as portas para quem quiser bebericar coquetéis de pátio e provar os primeiros petiscos do cardápio degustação. Um templo do design sensorial, sob a curadoria da HENRYTIMI.

Enquanto isso, na Via Giacomo Biga, um antigo depósito de ferragens renasce como o Barra Zic — onde o spritz encontra vinhos naturais (muitos deles produzidos por mulheres), pratos pequenos, cervejas selecionadas e… discos de vinil. Um lugar para ouvir e beber com atenção.

No bairro Marconi, a trattoria Iolanda mistura televisão e tradição. Luca Salatino, ex-“Uomini e Donne” e “Grande Fratello”, volta às raízes com pratos dedicados à sua avó, Nonna Iolanda. Clima familiar, menu clássico, trinta lugares apenas: um espaço que parece saído de um álbum de memórias.

Roma também ganha uma pizzaria com propósito: a Santa Rita, do pizzaiolo Vincenzo Cordella. Cordella iniciou sua carreira na área de pizzaria após passar por detenção e serviço comunitário, agora se torna empreendedor. A pizza é de roda, em estilo napolitano, e o futuro é social — Cordella planeja incluir jovens em situação de vulnerabilidade no projeto.

Já nos céus da capital, o recém-reformado Hotel d’Inghilterra revela sua nova Terrazza Romana, com drinques como o que leva licor de figo, prosecco e xarope de alecrim. O menu de canapés de Andrea Sangiuliano acompanha a vista sobre os telhados de Roma — e transforma o happy hour em ritual.

A Grécia chega a Roma em versão fast-gourmet: duas novas unidades da rede Milos oferecem almôndegas, saladas, pães pita recheados e até polvo com molho tzatziki em tempo recorde, em Viale Regina Margherita e no EUR.

Para quem gosta de elegância sem pretensão, o Anavà Roma — no Je Rome Hotel, perto da Fontana di Trevi — propõe um menu versátil do café da manhã ao jantar, com toque sofisticado e drinks assinados.

E tem mais: o Banco 121, na Via Salaria, combina bar de vinhos, tapas e clima descontraído. E em Óstia, a charmosa Pija aposta em cervejas artesanais, vinhos naturais e clima de verão perpetuado em garrafas geladas.

Enquanto Roma se esvazia, seus sabores se multiplicam. Agosto, que parecia silêncio, revela-se um mês de fermentação criativa. E quem ficar na cidade terá a chance rara de experimentar a capital como poucos a conhecem: mais fresca, mais ousada, mais autêntica.

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