Poucas criadoras conseguiram representar com tanta graça e rigor a essência da elegância italiana quanto Raffaella Curiel. Filha de uma tradição de alta-costura nascida no pós-guerra, Curiel construiu ao longo de mais de cinquenta anos um universo feito de refinamento, cultura e feminilidade consciente.
As origens da marca
A história começa com Giovanna Curiel, mãe de Raffaella, que nos anos 1950 fundou em Trieste a primeira casa de moda Curiel, mais tarde transferida para Milão. Raffaella, criada entre tecidos e croquis, formou-se em Nova York nos anos 1960, onde absorveu o espírito cosmopolita da cidade e o gosto pela precisão da alfaiataria aplicada a silhuetas modernas. Ao retornar à Itália, lançou sua própria linha em 1965, distinguindo-se desde o início por uma visão intelectual da moda, em que cada vestido é uma narrativa.
Um estilo culto e atemporal
A marca registrada de Raffaella Curiel é a “alta-costura de salão”: roupas pensadas para mulheres cultas, seguras e conscientes de sua identidade. Seu estilo combina cortes impecáveis, tecidos preciosos, bordados de autoria e um amor constante pela arte e pela literatura. Suas coleções, frequentemente inspiradas em pintores como Klimt ou Matisse, conquistaram uma clientela internacional de elite — de primeiras-damas a princesas — sempre com um toque de discrição aristocrática.
A evolução e a nova geração
Nos anos 1990 e 2000, a maison Curiel passou por transformações e mudanças de gestão, mantendo viva, no entanto, a tradição artesanal de seu ateliê na Via Monte Napoleone. Em 2017, a marca viveu um novo impulso sob a direção da filha Gigliola Curiel, com o objetivo de unir a herança da alta-costura a uma linguagem mais contemporânea e sustentável.
Nos últimos anos, Raffaella Curiel se afastou gradualmente das passarelas, dedicando-se a projetos culturais e à formação de novas gerações de designers. Deixou como legado uma herança moral e criativa feita de beleza, disciplina e conhecimento. Hoje, a marca “Curiel Milano” continua sendo um símbolo discreto, porém poderoso, da alta-costura italiana — um pequeno cofre onde a moda continua a dialogar com a arte.

