ter. out 7th, 2025

Os italianos no exterior são mais de 7 milhões: o novo olhar do governo sobre sua diáspora global: o novo olhar do governo sobre sua diáspora global

Você já parou para pensar quantos italianos vivem hoje fora da Itália? Pois o número é impressionante: 7,3 milhões de cidadãos italianos registrados no AIRE (Anagrafe dos italianos residentes no exterior). Este è o numero oficial do relatório apresentado em outubro de 2025 pelo governo de Giorgia Meloni ao Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE).

E o Brasil continua entre os países com maior presença: estima-se que cerca de 1,6 milhão desses italianos estejam vivendo aqui.

Mais do que uma simples estatística, o documento é um retrato vivo da nova Itália global, um país que se estende muito além das fronteiras geográficas e que dialoga diariamente com sua enorme comunidade espalhada pelo mundo. A relação entre Roma e sua diáspora está mudando, e o governo italiano quer mostrar que tem um plano.

Assinada por Antonio Tajani, vice premiê e ministro das Relações Exteriores, a chamada “relação à diáspora” foi apresentada ao CGIE, em Roma, como um manifesto de intenções políticas e culturais. Tajani fala em modernizar os serviços consulares, simplificar a burocracia e, sobretudo, transformar a presença italiana no exterior em uma rede viva de oportunidades econômicas, culturais e afetivas.

Entre as novidades, a recente reforma do Ministério das Relações Exteriores (MAECI), que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2026, promete mudar a estrutura interna do órgão, criando duas novas secretarias: uma de perfil político diplomático e outra voltada à economia e à “diplomacia do crescimento”. Em outras palavras: mais foco em negócios, exportações, inovação e internacionalização do famoso Made in Italy.

Mas há também medidas que impactam diretamente a vida dos italianos no Brasil. O governo anunciou que 174 consulados já emitem a nova Carta de Identidade Eletrônica (CIE), e até o fim de 2025 toda a rede consular deverá estar equipada. A partir de agosto de 2026, os antigos documentos em papel não terão mais validade. E o sistema Fast-It, ferramenta online para os serviços consulares, ganha uma versão renovada, com promessa de menos espera e mais clareza nos procedimentos.

Um capítulo especial do relatório é dedicado à cidadania italiana, tema que mexe com o coração (e os nervos) de muitos brasileiros de origem italiana. A nova Lei nº 74/2025, conhecida como “Decreto Tajani”, reforça controles e uniformiza procedimentos, exigindo das sedes consulares mais rigor nas transcrições de certidões e na verificação dos vínculos familiares. O governo admite que haverá um período de adaptação e criou uma task force específica para apoiar os consulados durante essa fase de transição.

Mas o texto também fala de cultura, educação e identidade, pilares emocionais dessa ligação entre Itália e mundo. Em 2024, o Maeci financiou quase 300 cátedras de língua italiana em 66 países, apoiou editoras estrangeiras na tradução de livros e incentivou a difusão de filmes e séries italianas. E o Brasil, com sua enorme comunidade de descendentes, continua sendo terreno fértil para esse renascimento cultural.

Outro destaque é o projeto “Turismo das Raízes”, que busca reconectar as novas gerações de ítalo-descendentes com as aldeias e regiões de origem de suas famílias. A ideia é simples e poderosa: transformar a nostalgia em experiência, o sobrenome em viagem, e a herança familiar em uma forma contemporânea de pertencimento.

Por fim, a mensagem do relatório é clara: a Itália quer que seus filhos espalhados pelo mundo se sintam parte ativa de um mesmo destino. “O apoio aos italianos fora da Itália é uma prioridade nacional”, afirma o texto, embora críticos notem que o enfoque do governo ainda privilegie a eficiência administrativa mais do que o diálogo com as comunidades.

De qualquer forma, para os ítalo-brasileiros, há um novo cenário se desenhando, com mais serviços digitais, mais oportunidades de estudo e um convite simbólico: o de redescobrir as próprias raízes. Porque, no fim das contas, como dizem os italianos, “l’Italia non è solo un paese, è un sentimento” (a Italia não è só um País, é um sentimento).

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