O ano de 2025 é com um cenário contrastante para a moda masculina italiana: as exportações para fora da União Europeia desaceleram, mas os Estados Unidos se mantêm como um mercado vital e em expansão. Após anos de crescimento sólido, o setor masculino, tradicional motor do Made in Italy pela elegância, qualidade artesanal e capacidade de inovação, enfrenta agora novos equilíbrios globais. Pesam as tensões geopolíticas, a inflação ainda elevada em algumas regiões e a retração do consumo na Ásia e no Oriente Médio, onde os fluxos de exportação registraram queda de dois dígitos nos primeiros oito meses do ano, segundo a Confindustria Moda.
Os Estados Unidos, porém, representam uma exceção. O Made in Italy segue crescendo no país, com um aumento estimado em torno de 7%, impulsionado pelos segmentos premium e luxury e por uma demanda interna que valoriza autenticidade e durabilidade. O consumidor americano, mais maduro e informado, enxerga o produto italiano como um investimento de longo prazo, não apenas como símbolo de status. As marcas italianas mais dinâmicas aproveitaram o momento para fortalecer sua presença com estratégias omnicanal, novas lojas em Nova York e Los Angeles e colaborações com retailers independentes que dialogam com nichos sensíveis à sustentabilidade e ao artesanato.
Nesse contexto, o desafio da moda masculina passa por Florença. O Pitti Uomo, programado para janeiro 2026, volta a ser o barômetro internacional do setor e um polo estratégico para a retomada. A edição de 2026 apostará em inovação, sustentabilidade e diálogo entre tradição e novas linguagens. As empresas italianas, especialmente as PMEs, chegam ao evento conscientes de que a competitividade não pode mais depender apenas do produto: é preciso integrar experiência, comunicação e propósito ambiental.
A organização anunciou um aumento de 10% na presença de compradores estrangeiros, com destaque para América do Norte, Escandinávia e Europa Oriental. Também haverá foco em mercados emergentes — do México à Coreia do Sul — e um novo espaço dedicado a startups e projetos experimentais que unem moda e tecnologia. O objetivo é dar visibilidade a uma geração de designers que interpreta o guarda-roupa masculino de forma fluida, sustentável e global.
Se as exportações fora da UE mostram sinais de pausa, o Pitti Uomo se consolida como catalisador de confiança e inovação. O desafio é duplo: defender a liderança do Made in Italy nos mercados maduros e abrir novas rotas comerciais capazes de unir tradição e visão. Florença, mais uma vez, será o palco onde a moda masculina italiana mede sua força e redesenha o futuro.

