qui. dez 11th, 2025

Itália e Brasil, um pacto de coragem: juntos contra as máfias que crescem atrás das grades

Há um fio sutil, mas resistente, que une Roma a Brasil um fio feito de estratégia e conhecimento. E esse fio, nos últimos dias, transformou-se em ponte. Porque nas prisões, onde as organizações criminosas se reconstroem, se reorganizam e ampliam seu poder além-fronteiras, a cooperação internacional deixou de ser uma opção: tornou-se uma urgência. E o que acontece quando dois países com histórias diferentes, mas feridas semelhantes, decidem enfrentar juntos o núcleo quente do crime organizado?

Nasce um programa de cooperação bilateral que olha diretamente para dentro das celas de segurança máxima do Brasil. A missão começou no presídio masculino de Gameleira I e no presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. É dali que a Itália escolheu partir, entrando nos espaços onde o crime tenta, todos os dias, expandir-se como raízes invisíveis.

O projeto terá duração de dezoito meses e será coordenado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Não é visita simbólica, nem gesto protocolar. É troca real de métodos, estratégias e inteligência. Porque, quando as máfias evoluem, os Estados também precisam evoluir. E precisam fazê-lo juntos.

A Itália traz o que o mundo reconhece há décadas: gestão de detentos de alto risco, inteligência penitenciária, segurança dinâmica, essa capacidade muito italiana de observar o detalhe, antecipar o movimento, compreender o código dos grupos criminosos antes mesmo de ser pronunciado. O Brasil, por sua vez, abre as portas para um diálogo que é mais do que operacional: é cultural. Como conter grupos que dominam territórios, economias e até imaginários? Como romper o mito do “comando” que prospera mesmo atrás das grades?

A delegação italiana foi liderada por Francesca Gioieni, diretora do Escritório de Relações Internacionais do Departamento de Administração Penitenciária. Ao lado dela, profissionais que conhecem a luta contra o crime de dentro, e não de gabinetes: Roberto Mango, do Núcleo Investigativo Regional da Puglia e Basilicata, e Antonio De Maria, responsável pela coordenação operacional do Grupo Operativo Móvel. Não são enviados quaisquer: são três rostos de uma Itália que nunca baixa os olhos diante das máfias.

E então surge a pergunta: quanto pode mudar a cooperação internacional quando deixa de ser gesto cerimonial e se torna método cotidiano? Quanto pode impactar, nos próximos dezoito meses, um modelo de segurança que a Itália construiu enfrentando o crime organizado no seu próprio território? Um aviso aos grupos criminosos. Uma demonstração de que a Itália não exporta apenas cultura, moda ou gastronomia, mas também a experiência, dura e necessária, de conter quem tentou dobrá-la por décadas.

E o Brasil, hoje, recebe isso como se recebe um aliado para as batalhas que realmente importam.

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