seg. out 6th, 2025

Em Siena, as celebrações pelos 150 anos da imigração italiana no Brasil

A Universidade de Siena homenageia a comunidade italiana do Rio Grande do Sul, berço da italianidade no Brasil

No dia 10 de outubro, às 14h30, o Auditório Principal do Reitorado da Universidade de Siena (Banchi di Sotto, 55) sediará um evento de grande valor histórico e simbólico: as comemorações pelo sesquicentenário da imigração italiana no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, considerado por muitos estudiosos o verdadeiro berço da italianidade no Brasil.

A iniciativa, promovida em colaboração com a Universidade de Caxias do Sul, contará com a presença do Reitor Roberto Di Pietra, de uma delegação acadêmica brasileira e de diversos especialistas que há anos se dedicam ao estudo das migrações entre Itália e Brasil.

O ponto alto da celebração será a apresentação da obra monumental “Sesquicentenário da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul – 1875-2025”, resultado de mais de dois anos de pesquisa com o envolvimento de 68 estudiosos, provenientes de universidades brasileiras e italianas. O volume se propõe a ser o estudo histórico e científico mais completo já publicado sobre a presença italiana no sul do Brasil, oferecendo uma reconstrução rigorosa, mas também profundamente humana, de um século e meio de laços culturais, econômicos e identitários.

As raízes de uma história compartilhada

A imigração italiana no Rio Grande do Sul teve início em 1875, quando os primeiros grupos de famílias, vindos principalmente do Vêneto, Trentino, Lombardia e Friuli Venezia Giulia, cruzaram o oceano em busca de novas oportunidades. Ao chegarem a uma terra ainda em processo de colonização, esses pioneiros se estabeleceram nas regiões montanhosas do sul, fundando comunidades que moldariam profundamente o perfil cultural e econômico da região.

Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha, Nova Bassano e Flores da Cunha são apenas alguns dos municípios que ainda hoje preservam viva essa herança italiana. Nomes, tradições, festas religiosas, o dialeto vêneto falado por muitas famílias e até os métodos de cultivo da uva e de produção do vinho revelam uma fusão identitária única.

Com o passar das décadas, a comunidade italiana no Rio Grande do Sul consolidou-se como uma das mais dinâmicas e unidas do país. Das colônias agrícolas surgiram pequenas indústrias e cooperativas que contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento econômico do Estado, enquanto o forte senso de pertencimento e solidariedade social tornou-se marca registrada dos chamados “ítalo-gaúchos”.

O legado cultural e a identidade ítalo-brasileira

Hoje, estima-se que mais de 1,5 milhão de descendentes de italianos vivam no Rio Grande do Sul, compondo uma das maiores comunidades de origem europeia do Brasil. As tradições italianas — da gastronomia aos cantos populares, das procissões religiosas às festas do vinho — continuam a fazer parte essencial do tecido social local, numa perfeita síntese entre orgulho brasileiro e memória das raízes italianas.

As universidades e instituições culturais do Rio Grande do Sul têm desempenhado, e continuam a desempenhar, um papel fundamental na valorização dessa identidade mista, promovendo pesquisas, intercâmbios acadêmicos e programas culturais com a Itália. O encontro entre a Universidade de Siena e a Universidade de Caxias do Sul representa, nesse sentido, uma ponte simbólica e concreta entre as duas margens do Atlântico, em nome da história e do conhecimento.

Uma herança viva

As celebrações de 10 de outubro não serão apenas um momento de memória, mas também uma oportunidade de refletir sobre o futuro das relações entre Itália e Brasil. Cento e cinquenta anos após a chegada dos primeiros imigrantes, a história dos “italianos do sul do Brasil” continua a falar de trabalho, comunidade, resiliência e identidade — valores que, hoje como ontem, unem dois povos e duas culturas.

Como lembram os organizadores, o encontro em Siena pretende homenagear “uma história de migração que se transformou em uma história de integração, desenvolvimento e fraternidade”.

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