qua. nov 26th, 2025

Decisão histórica: Florença, primeira na Itália, dá adeus aos patinetes a partir de 2026

PorFrancesco Sibilla

25 de novembro de 2025 ,

A partir de 1º de abril de 2026, Florença mudará definitivamente o cenário da mobilidade leve. Os patinetes elétricos em sharing, introduzidos no final de 2020 e rapidamente incorporados ao dia a dia urbano, desaparecerão das ruas. O município confirmou o fim definitivo do serviço, sem novas prorrogações. Uma decisão que a administração defende como necessária, diante das novas regras nacionais e das dificuldades crescentes para garantir segurança e respeito às normas.

“A segurança no trânsito sempre foi a nossa prioridade”, afirma a prefeita Sara Funaro, que relaciona a medida principalmente à obrigatoriedade do uso de capacete prevista no novo Código de Trânsito italiano. Uma regra importante, mas quase impossível de ser fiscalizada pela polícia municipal no modelo de compartilhamento com fluxo livre. “Os operadores não têm como assegurar que todos os usuários estejam com os equipamentos adequados. E o resultado é um uso muitas vezes irregular, seja durante a circulação ou no estacionamento, com veículos abandonados de forma inadequada, trafegando na contramão ou sobre as calçadas”, explica a prefeita.

As declarações de Funaro são reforçadas pelos próprios operadores. Alessandro Felici, CEO da Ridemovi, é direto: “Ninguém usa capacete nos patinetes de aluguel, em nenhuma cidade italiana. E onde tentamos fornecê-los, especialmente em Florença, eram sempre roubados”.
Mesmo assim, Florença não figurava entre as cidades com pior desempenho: como destacava Michele Francione, da Bit, a queda nos aluguéis era menor que a média nacional (-25%). Situação bem mais grave era registrada em La Spezia (-45%) e Verona (-35%). “Em Florença, havia uma fiscalização mais equilibrada, o que ajudava a reduzir a queda na demanda”, afirmava Francione.

O contexto legislativo também pesou na decisão. O novo Código de Trânsito — em vigor desde dezembro de 2024 — introduz, além do capacete, a obrigatoriedade de placa e seguro, mas os decretos regulamentadores ainda não foram publicados. Uma área cinzenta que pode gerar violações sistemáticas, especialmente no modelo free-floating, sem estações fixas de retirada ou devolução. “Não podemos aceitar esse cenário”, afirma o município em nota oficial. Viagens com duas pessoas no mesmo patinete, manobras perigosas e estacionamento irregular foram elementos decisivos na avaliação.

Ainda assim, o capítulo não está encerrado para sempre. A prefeitura admite que, com um quadro normativo totalmente definido e novas tecnologias que garantam o cumprimento da regra do capacete, novas formas de sharing poderão ser consideradas no futuro. Enquanto isso, a cidade deve investir na ampliação da frota de bicicletas do bike sharing — um serviço já muito utilizado — e estuda reforçar os sistemas de carros e scooters compartilhados, quase abandonados nos últimos anos.

A mudança acompanha também o comportamento dos próprios florentinos. Só em 2024, o bike sharing ultrapassou 1,5 milhão de viagens anuais, com um aumento adicional de 18% nos primeiros meses de 2025. Números que mostram uma cidade cada vez mais habituada à mobilidade sustentável, mas também determinada a exigir segurança e organização.

Assim, 2026 marca uma virada: Florença se despede dos patinetes em sharing, abre uma nova etapa na mobilidade urbana e direciona seus esforços para soluções mais confiáveis, controladas e — acima de tudo — seguras.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *