Por trás das portas fechadas dos depósitos vaticanos esconde-se um patrimônio pouco conhecido: obras de arte doadas ao Papa ou à Santa Sé e jamais mostradas ao público. Pinturas, esculturas, objetos preciosos que, por razões teológicas, políticas ou simplesmente de espaço, não encontraram lugar nas salas dos Museus do Vaticano.
A história dessas obras começa muitas vezes com um presente diplomático: quadros oferecidos por chefes de Estado, estátuas enviadas por ordens religiosas, peças entregues por colecionadores privados. Alguns desses objetos carregam símbolos ou mensagens que nem sempre se harmonizam com a sensibilidade eclesial. Em outros casos, estão demasiado ligados a um contexto político e acabam permanecendo na sombra.
Há também razões estéticas e práticas. Nem todas as doações atingem a qualidade artística necessária para serem expostas ao lado dos mestres michelangelescos ou de Rafael. Outras vezes, o problema é simplesmente o espaço: os Museus do Vaticano, apesar de vastíssimos, não podem acolher a enorme quantidade de obras que se acumulou ao longo dos anos.
O resultado é um arquivo silencioso, feito de salas guardadas e acessíveis apenas a poucos funcionários. Ali jazem telas nunca vistas, estátuas cobertas por panos, relicários sem colocação definida. Uma “cidade paralela” da arte, que alimenta a curiosidade de estudiosos e historiadores, mas que permanece invisível aos milhões de visitantes que todos os anos atravessam os portões do Vaticano.
Assim, enquanto os Museus do Vaticano continuam a encantar com suas coleções, existe um outro museu, invisível e inacessível, que conta uma história feita de diplomacia, fé e segredos culturais. A arte “proibida” que, talvez, jamais verá a luz. (por Giorgio Riccitelli)

