qui. nov 20th, 2025

Itália declara guerra ao telemarketing abusivo ativando o ‘filtro total’ 


A partir de 19 de novembro, a Itália dá um passo histórico no combate ao telemarketing agressivo e às fraudes telefônicas. Entra em vigor o segundo filtro nacional anti-spoofing, capaz de bloquear chamadas feitas do exterior que se passam por números de celular italianos.

É uma resposta a um problema gigantesco: cerca de 50 milhões de ligações falsas por mês, usadas para golpes bancários, vendas ilegais e abordagens insistentes.

O novo filtro chega depois do sucesso da primeira fase, que em agosto bloqueou quase totalmente as chamadas que imitavam números fixos italianos. Agora o alvo são os falsos números móveis, muito mais difíceis de identificar por causa do roaming: uma ligação legítima de um usuário italiano no exterior não pode ser bloqueada.

Para isso, o sistema cruza, em milésimos de segundo, dados de portabilidade, registro nacional de numeradores e localização em roaming. Se o número não existir ou não estiver onde deveria, a chamada é barrada automaticamente.

A novidade só funciona porque todas as operadoras italianas atualizaram seus sistemas simultaneamente. Quem não aderir perderá o direito de oferecer roaming internacional aos clientes e terá de avisá-los com 30 dias de antecedência, sob risco de multa. A Itália prepara ainda uma fase 3, que mirará numeradores via satélite e serviços machine-to-machine, hoje usados em fraudes mais sofisticadas.

Mesmo assim, alguns tipos de ligações abusivas continuarão. As que partem de call centers legalizados na Itália, contra os quais vale o Registro de Oposições, as chamadas spoofing feitas dentro do próprio país e números fixos estrangeiros reais, impossíveis de bloquear sem uma cooperação global.

E no Brasil, como funciona?
O Brasil também sofre com spam telefônico, aliás é um dos países com maior volume de ligações abusivas no mundo. A Anatel implementa há anos medidas como o prefixo 0303 para identificar telemarketing, bloqueios de robocalls e a lista Não Perturbe.

Mas nenhuma das ações chega ao nível da solução italiana, que exige cooperação total entre operadoras e verificação em tempo real da autenticidade dos números.

Por aqui, golpes com números falsificados continuam comuns e a fiscalização é mais limitada. A pergunta agora é inevitável: com o avanço das fraudes digitais, será que o Brasil deveria adotar um modelo semelhante ao da Itália, mais rígido, integrado e tecnicamente avançado?

A Itália mostra que, com tecnologia e regras claras, é possível reduzir drasticamente o problema. Resta saber se o Brasil está pronto para dar o mesmo passo.

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