qua. nov 19th, 2025

Itália–Brasil, um eixo em ascensão: embaixador Renato Mosca destaca UE-Mercosul e agenda climática rumo à COP30

Durante a celebração da Festa Nacional do Brasil no Palazzo Pamphilj, em Roma, o embaixador brasileiro Renato Mosca de Souza traçou um panorama claro: Itália e Brasil vivem hoje um dos momentos mais fortes de sua história diplomática. Um relacionamento em expansão que, segundo o diplomata, poderá dar um salto decisivo com a conclusão do acordo UE-Mercosul, descrito como “um horizonte de oportunidades” para empresas brasileiras e italianas.

Relações nunca tão sólidas: comércio, cultura e cooperação jurídica

Renato Mosca recordou que a cooperação entre os dois países cresceu em todos os campos:
• Aumento das trocas comerciais, com crescimento superior a 20% nos últimos anos;
• Colaboração cultural intensa, favorecida pela forte comunidade ítalo-brasileira;
• Parcerias técnicas e jurídicas cada vez mais estruturadas, sobretudo nas áreas industrial, fiscal e empresarial.

Atualmente, cerca de mil empresas italianas operam no Brasil, um número que demonstra a profundidade e a estabilidade do vínculo econômico.

UE–Mercosul: um acordo capaz de transformar o mercado

O embaixador ressaltou que o acordo UE–Mercosul é um dos dossiês geopolíticos mais relevantes da última década.
Segundo Renato, a parceria poderá:
• impulsionar as exportações italianas, especialmente nos setores agroalimentar, farmacêutico, mecânico e de tecnologias industriais;
• aumentar o consumo de produtos italianos no Brasil, que já cresce de forma consistente;
• reduzir tarifas de importação de forma progressiva, tornando produtos europeus mais competitivos e simplificando o fluxo comercial.

Quando veremos os resultados?

O embaixador foi direto: os efeitos não serão imediatos.
Após a aprovação definitiva, serão necessários entre 4 e 10 anos para a eliminação gradual das tarifas, dependendo da categoria de produtos.

Mesmo assim, já nos primeiros dois anos após a entrada em vigor, são esperados:
• aumento de 10% a 15% no comércio bilateral;
• expansão significativa das importações brasileiras de máquinas, vinhos, massas, laticínios, moda e cosméticos italianos;
• maior abertura do mercado sul-americano para tecnologias europeias aplicadas à agricultura e à indústria.

O diplomata também se mostrou otimista quanto à assinatura do acordo, apesar das divergências internas europeias: “O contexto internacional evidencia a necessidade de fortalecer alianças econômicas. Os pontos de atrito podem ser superados”.

Prioridades climáticas rumo à COP30 de Belém

Com foco na COP30, Belém em 2025, o embaixador reafirmou os compromissos climáticos do Brasil, destacando o equilíbrio entre desenvolvimento e proteção ambiental:
• Desmatamento zero até 2030
• Neutralidade de carbono até 2050
• Matriz elétrica 90% renovável
• Energia nacional 50% limpa

O embaixador enfatizou que o desmatamento “não é uma política pública, mas uma atividade criminosa”, e que os avanços recentes resultam do fortalecimento da fiscalização e de investimentos na proteção das florestas.

O próximo desafio, segundo ele, será garantir recursos internacionais adequados para países em desenvolvimento, essenciais para transformar compromissos em resultados reais: “Agora é o momento de passar da negociação para a implementação”.

Um futuro estratégico entre dois países complementares

Com vínculos históricos, culturais e econômicos sólidos, Itália e Brasil caminham para uma fase estratégica inédita. O acordo UE–Mercosul, caso finalizado, poderá se tornar o maior motor de crescimento bilateral dos últimos anos, ampliando investimentos, exportações e cooperação tecnológica.

Com uma transição verde acelerada e um mercado interno de mais de 200 milhões de consumidores, o Brasil tende a consolidar-se como um parceiro cada vez mais central para a Itália — tanto no plano econômico quanto no geopolítico.

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