ter. nov 18th, 2025

Italianos são os menos gentis da Europa apesar de forte cultura do cuidado, indica pesquisa

Este ano, a comemoração do Dia Mundial da Gentileza na Itália, em 13 de novembro, veio com um sinal de alerta: os italianos aparecem em último lugar entre cinco países europeus quando o tema é praticar gestos gentis no cotidiano. É o que revela a pesquisa The State of Kindness in Europe, realizada pela Sanrio em parceria com o instituto YouGov, divulgada justamente para marcar a data.

O estudo mostra que 69% dos italianos dizem ter recebido um gesto gentil na última semana, percentual inferior ao da Espanha, do Reino Unido, da Alemanha e da França. A contradição é que, apesar dos números baixos, 95% associam a gentileza a emoções positivas e ao bem-estar, e o país se destaca pela forte disposição ao diálogo, ao cuidado com os mais velhos e à escuta ativa.


É neste contexto que surge no Parlamento italiano uma proposta de lei que pretende transformar a gentileza em política pública. Apresentada por Natalia Re, presidente do Movimento Italiano para a Gentileza, a iniciativa busca incluir a gentileza entre os indicadores Bes do Istituto nacional de estatística (Istat), que medem o bem-estar social do país.

A ideia é reconhecer oficialmente seu valor na educação, prever ações para combater o bullying, estimular ambientes de trabalho mais saudáveis e adotar uma “Carta dos Seis Valores da Gentileza”, composta por respeito, escuta, solidariedade, equidade, paciência e generosidade. A proposta segue a tendência de países como Japão, Canadá, Bhutan e várias nações escandinavas, que já transformaram a gentileza, a tolerância e o bem-estar em pilares institucionais.

O debate se apoia também em dados recentes do Observatório Italiano Gentileza e Comportamentos, que mostrou como o maltrato infantil gera um custo público superior a 13 bilhões de euros por ano, reforçando a tese de que sociedades mais gentis são também mais sustentáveis. A pesquisa europeia confirma a necessidade de uma mudança: os italianos são receptivos à gentileza, mas ainda pouco ativos em ações concretas e em iniciativas comunitárias.

Entre campanhas globais, rankings simbólicos e projetos de lei, a Itália tenta agora transformar a gentileza em estrutura, não apenas sentimento. Uma evolução que pode reposicionar o país no mapa europeu — e, quem sabe, inspirar também outras nações latino-americanas que enfrentam desafios semelhantes de convivência social.

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