Agosto de 2025 marcou uma virada inesperada para o comércio exterior italiano. Depois de dois meses de crescimento, o país registrou uma queda expressiva nas exportações para fora da União Europeia: -8,1% em relação a julho e -7,7% na comparação anual. O dado, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat), expõe o contragolpe das políticas tarifárias dos Estados Unidos, que sozinhos puxaram para baixo as vendas italianas com uma retração de 21,2% no mês.
O recuo é explicado principalmente pela queda nas exportações de bens de consumo duráveis (-26,3%) e não duráveis (-13,2%), além de máquinas e equipamentos (-8,4%). No detalhe mensal, a fotografia é semelhante: -16,7% em bens de capital, -9,4% em duráveis e -7,8% em não duráveis.
Apesar do quadro negativo, há bolsões de resistência. As exportações de energia cresceram 23,7% no ano e 5,9% no mês, enquanto os bens intermediários avançaram 1,9% no ano e 2,2% no mês.
Do lado das importações, a queda foi mais suave: -7,1% em agosto frente a julho e -3,1% no ano. Ainda assim, chama atenção a retração nas compras de bens de consumo não duráveis (-16,5% no mês) e intermediários (-6,1%), embora esses mesmos não duráveis tenham explodido no acumulado anual (+23,0%).
No trimestre junho–agosto, a dinâmica foi de quase estabilidade: exportações -0,1% e importações -0,8%. Enquanto isso, o saldo comercial italiano com os países extra-UE encolheu: +1,777 bilhões de euros em agosto de 2025 contra +2,794 bilhões no mesmo mês de 2024. O déficit energético diminuiu (-3,571 bilhões contra -4,244 bilhões em 2024), mas o superávit em produtos não energéticos caiu de 7,038 para 5,348 bilhões.
O quadro não é homogêneo entre os parceiros comerciais. Houve quedas generalizadas nas exportações italianas: Turquia (-26,1%) e Estados Unidos (-21,2%) lideram as perdas. Já Reino Unido (+4,9%) e Suíça (+4,7%) destoaram positivamente.
Nas importações, a retração foi particularmente forte em compras do Reino Unido (-36,6%), de países Opep (-27,1%), da Índia (-9,7%), da China (-7,1%) e até do Mercosul (-5,8%). No sentido oposto, chamam a atenção os saltos nas importações vindas dos Estados Unidos (+68,5%) e dos países Asean (+13,6%).
O recado é claro: depois do “efeito frontloading” dos últimos meses, o impacto tarifário global está cobrando a conta. Para a Itália, o desafio será manter mercados estratégicos ativos em meio a um comércio internacional cada vez mais volátil.
Exportações da Itália caem 7,7% em agosto com impacto das tarifas dos Estados Unidos e da Ásia
