Os trentinos no Brasil exemplo de como manter viva a ligação com a própria terra diante de uma nova onda migratória de jovens

Nos últimos anos, o Trentino voltou a enfrentar um fenômeno que parecia apenas história: a emigração de jovens talentos em busca por melhores oportunidades profissionais fora da Itália.

Enquanto cruzam fronteiras em busca de novas carreiras, as autoridades locais, junto com a associação Trentinos no Mundo, usam o exemplo histórico dos italo-descendentes do Brasil para mostrar que, mesmo à distância, é possível manter viva a ligação com as raízes, com o território de origem e com a própria terra.

Recentemente um grupo de prefeitos brasileiros descendentes desses imigrantes visitou o Trentino, revelando que a memória e o vínculo com a terra de origem permanecem fortes. Em encontros institucionais, relatados em matéria da Tv Rai, os trentino-brasileiros demonstraram a força dessa conexão.

Descendentes de emigrantes que, há 150 anos, zarparam em direção ao Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, conseguiram cultivar tradições, língua e cultura, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Um dos símbolos dessa ligação é o “talian”, mistura do dialeto italiano local com o português, ainda falado por muitas famílias no Brasil. Além disso, escolas italianas mantêm viva a língua e os costumes, garantindo que as novas gerações conheçam suas origens. Francesco Bocchetti, diretor da associação Trentini nel Mondo, ressalta: “Uma amizade adquire valor com o tempo, quando se consegue cultivá-la; a amizade que liga os trentino-brasileiros à sua terra de origem é fortíssima”.

O Brasil guarda uma rica história da emigração italiana. Entre o final do século XIX e o início do XX, milhões de italianos desembarcaram no país, incluindo milhares de trentinos. Hoje, o país ainda abriga cerca de um quarto dos 200 círculos da associação Trentini nel Mondo, reforçando a importância do Brasil como destino e refúgio cultural para essas comunidades.

Hoje, festivais, gastronomia típica, celebrações religiosas e até pequenas bibliotecas com literatura em italiano preservam a memória das aldeias de onde partiram. Mesmo após um século e meio, o elo entre Trentino e suas colônias brasileiras continua vivo, mostrando que a tradição pode, sim, atravessar oceanos.

O exemplo dos trentino-brasileiros oferece uma lição inspiradora: é possível partir em busca de futuro sem perder a própria história. Por isso, preocupadas com a nova onda de emigração, as autoridade e organizações do Trentino organizam nas próximas semanas em Viena e Zurique encontros com jovens expatriados para ajudá-los a não esquecer de onde partiram em busca de novas oportunidades. Conforme os trentino-brasileiros ensinam.