Se para milhões de fiéis o Vaticano é o coração da espiritualidade católica, para linguistas e estudiosos ele representa também um arquivo vivo de línguas que em outros lugares são consideradas “mortas”. Não apenas o latim, mas também o grego antigo, o aramaico e o copta sobrevivem entre os palácios apostólicos e as salas da Cúria.
O latim continua sendo a língua oficial da Santa Sé. Já não falado no cotidiano há séculos, segue vivo nos documentos oficiais, nas encíclicas e na liturgia. Existe até a “Latinitas”, uma fundação vaticana que atualiza o vocabulário latino com neologismos modernos: de televisio a instrumentum computatorium para indicar o computador.
O grego antigo sobrevive nas celebrações solenes e nos estudos bíblicos. Não é raro que nas universidades pontifícias se leiam os Evangelhos na língua original, exercício indispensável para compreender as nuances do texto sagrado.
O aramaico e o copta, por sua vez, vivem sobretudo nas liturgias das Igrejas orientais em comunhão com Roma. Alguns departamentos vaticanos mantêm especialistas capazes de traduzir e verificar textos nesses idiomas raríssimos, herança de uma tradição que remonta aos primeiros séculos do cristianismo.
A preservação dessas línguas não é apenas um capricho acadêmico. Para a Santa Sé, mantê-las significa conservar um vínculo direto com as raízes da fé. Enquanto lá fora as línguas evoluem e se transformam, dentro do Vaticano as “línguas mortas” permanecem vivas, alimentando um diálogo constante entre passado e presente.