sáb. set 27th, 2025

Entre vinhos, gastronomia e castelos: o turismo das raizes dos ítalo-descendentes em ascensão em todo o País

O Brasil tem cada vez mais abraçado suas raízes italianas quando o assunto é turismo, vinho e gastronomia. Um dos exemplos mais charmosos vem de Nova Veneza, em Santa Catarina, onde a Vinícola Borgo recebe cerca de 60 mil visitantes por ano. Instalada em um castelo inspirado na tradição europeia, a vinícola foi criada pela família Gava, descendente de imigrantes italianos que chegaram ao Sul do Brasil em 1893. Mais do que vender vinhos, eles transformaram o espaço em um centro de memória: quem visita encontra um ambiente que mescla ares de vila medieval, produtos artesanais e, claro, taças de merlot, cabernet e tannat.

A proposta não é única. Outras famílias ítalo-descendentes vêm investindo em experiências semelhantes, que unem turismo de experiência e gastronomia típica como forma de valorizar a imigração.

No Rio Grande do Sul, especialmente no Vale dos Vinhedos, diversas famílias descendentes de imigrantes criaram verdadeiros polos de enoturismo. A Vinícola Miolo, fundada por Giuseppe Miolo, imigrante vindo de Verona em 1897, cresceu de uma pequena produção caseira para uma das maiores vinícolas do Brasil.

Outro exemplo é a Casa Valduga, em Bento Gonçalves, fundada pelos irmãos Valduga, que chegaram ao Brasil em 1875, vindos de Rovereto, no Trentino. Além da produção premiada de vinhos, a família apostou em um complexo turístico com pousada, restaurante e até cursos de degustação, transformando a experiência em uma imersão completa na cultura italiana.

Na Serra Catarinense, a Vinícola Villa Francioni, em São Joaquim, fundada por Dilor Freitas, descendente de italianos, é outro ícone. Inspirada na Toscana, ela combina arquitetura sofisticada, vinhos de altitude premiados e experiências de degustação harmonizadas.

Em Pedrinhas Paulista (SP), cidade fundada por imigrantes da Emília-Romagna, famílias locais promovem festas gastronômicas típicas – com massas artesanais, queijos e vinhos – transformando o pequeno município em uma “pequena Itália” do interior paulista. Entre os destaques está a Festa da Polenta, organizada por descendentes como a família Rensi, que mantém viva a culinária e o dialeto dos antepassados.

Em Colônia Vitória (PR), região marcada pela imigração italiana no município de Colombo, descendentes investem em cantinas familiares abertas ao público. O circuito Caminho do Vinho reúne dezenas de famílias ítalo-brasileiras, como os Urban, os Pasinato e os Furlanetto, que oferecem vinhos coloniais, almoços típicos e festas de colheita da uva, transformando a tradição em experiência cultural e turística.

No Rio de Janeiro, a herança italiana também ganhou força no turismo enogastronômico. Em Nova Friburgo, a Família Spinelli mantém a Queijaria Escola, combinando produção artesanal de queijos, vinhos e jantares temáticos italianos. Já em Miguel Pereira, a Vinícola Inconfidência, de descendentes ítalo-brasileiros, aposta em vinhos finos e degustações que unem as montanhas fluminenses ao espírito da Toscana.

Esses projetos mostram que o turismo ítalo-brasileiro não é apenas sobre beber bons vinhos ou saborear massas frescas. Trata-se de um mergulho nas memórias da imigração, na herança cultural e nos valores de famílias que, com criatividade, transformaram sua história em experiência para visitantes de todo o país.

Seja em um castelo em Santa Catarina, em um parreiral no Rio Grande do Sul, em uma colônia no Paraná, em festas no interior de São Paulo ou em pousadas serranas no Rio de Janeiro, a ideia é sempre a mesma: brindar às raízes e compartilhar sabores de uma Itália que floresceu no Brasil.

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