seg. set 22nd, 2025

Uma rua em Milão celebra Italo Calvino e sua Itália encantada aos 40 anos da morte do escritor

Milão acaba de ganhar um novo endereço cheio de poesia. No coração do moderno Parque CityLife, uma rua foi batizada com o nome de Italo Calvino, em homenagem aos 40 anos da morte do escritor que transformou o ato de narrar em arte e lente de compreensão do mundo. A cerimônia contou com leituras de trechos de O Barão nas Árvores feitas por atores do Piccolo Teatro di Milano, resgatando a voz de um autor que permanece vivo em cada página.

Mas quem foi Calvino e por que ele merece um espaço eterno na cidade?

Nascido em Cuba em 1923 e crescido na Itália, Calvino participou da Resistência partigiana antes de se tornar um dos mais brilhantes nomes da literatura do século XX. Suas obras transitam entre o realismo e o fantástico, sempre com uma linguagem cristalina, capaz de transformar a realidade cotidiana em fábula universal. Livros como O Visconde Partido ao Meio e As Cidades Invisíveis são verdadeiras viagens intelectuais e sensoriais. No primeiro, ele brinca com a ideia de um homem dividido, metáfora das nossas contradições humanas; no segundo, conduz o leitor por cidades imaginárias que revelam, na verdade, múltiplos rostos da experiência humana.

Calvino foi também um ‘cronista’ da Itália em transformação. Ao narrar a vida de personagens comuns, de camponeses a crianças, ofereceu ao mundo uma leitura íntima do país: suas dores, alegrias, contradições e esperanças. Não por acaso, é considerado um autor que soube “contar a Itália” como poucos; com delicadeza, humor e olhar crítico.

A homenagem em Milão, portanto, não é apenas um gesto simbólico. É a lembrança de que a literatura não pertence apenas às bibliotecas: ela caminha pelas ruas, atravessa gerações e continua nos convidando a imaginar.

Ao dedicar uma rua a Italo Calvino, a cidade abre espaço para que novos leitores – italianos, brasileiros, cidadãos do mundo – descubram que cada história pode ser uma forma de resistência, de beleza e de encontro. Afinal, como diria Calvino, “a vida é feita de encontros entre pessoas, mesmo que não durem muito tempo”.

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