Com a Itália enfrentando uma onda de calor sem precedentes, a segurança no trabalho volta ao centro do debate político. Nas últimas horas, o governo e os principais sindicatos iniciaram um diálogo para definir um possível protocolo nacional com o objetivo de limitar ou reorganizar os horários de trabalho durante os períodos mais quentes do dia, especialmente nos setores mais expostos.
A emergência climática entra no ambiente de trabalho
Os boletins meteorológicos são claros: em várias regiões do Sul e do Centro do país, as temperaturas se aproximam dos 42–44 graus. Uma condição extrema que não pode mais ser considerada excepcional. Os sindicatos soam o alarme e exigem medidas urgentes para proteger a saúde dos trabalhadores, sobretudo na construção civil, agricultura, logística e serviços realizados ao ar livre.
Segundo dados do INAIL, nos últimos anos aumentou o número de acidentes relacionados ao estresse térmico. O risco de insolação, desidratação e perda de concentração é real — e pode ter consequências graves.
A proposta em discussão
No centro do debate entre governo e sindicatos está a proposta de impor limites aos horários de trabalho durante os períodos mais críticos do dia, presumivelmente entre 12h e 17h, nos dias de alerta meteorológico. Também estão sendo avaliadas medidas como:
- antecipar ou adiar os turnos de trabalho;
- tornar obrigatórias pausas mais frequentes e áreas de descanso com água;
- intensificar a fiscalização e aplicar sanções a empresas que não cumprirem as normas.
A medida pode ser temporária, mas abre caminho para uma revisão estrutural das regras sobre trabalho em condições climáticas extremas.
O precedente espanhol
Não se trata de uma proposta isolada. Na Espanha, o governo Sánchez já implementou medidas semelhantes no verão de 2023, proibindo o trabalho em canteiros de obras durante os horários mais quentes do dia. Uma decisão que virou referência — e que agora a Itália parece disposta a seguir.
Empresas divididas, mas o debate avança
O setor empresarial está dividido: há quem tema uma queda na produtividade, especialmente em cadeias sazonais, e há quem já tenha adotado horários flexíveis e planos de emergência por iniciativa própria. Algumas regiões já emitiram decretos locais, mas o governo busca um acordo nacional unificado, para evitar desigualdades e lacunas legais.
Uma questão de civilização
“Trabalhar com 42 graus não é mais aceitável”, declarou a CGIL em nota oficial. O ministro do Trabalho, por sua vez, afirmou estar comprometido com a busca por “uma solução rápida e eficaz”. As negociações continuam nos próximos dias, mas a urgência climática acelera os prazos: um esboço de proposta pode ser apresentado já na próxima semana.
Enquanto isso, persiste uma questão cultural: reconhecer que a crise climática está mudando não apenas o meio ambiente, mas também nossa forma de viver e trabalhar. Proteger quem trabalha sob o sol não é um privilégio — é um direito.