dom. jul 6th, 2025

O paraíso escondido de Florença: O jardim italiano no Top do The New York Times

Há segredos na Itália que o tempo não apaga; são sussurrados pela brisa que atravessa os olivais e refletidos no brilho do sol sobre as colinas da Toscana. Agora, um desses segredos foi proclamado ao mundo. Em um veredito que ecoa como um cântico à beleza, o jornal The New York Times convocou um sínodo de mestres em horticultura e design para coroar os jardins mais sublimes do planeta. A pergunta que guiou sua busca era tão simples quanto profunda: “Você estaria disposto a viajar ao outro lado do mundo apenas para passar uma tarde em um desses jardins?”.

A resposta ressoou com um inconfundível sotaque italiano. E entre as joias da coroa, um paraíso quase confidencial, debruçado sobre Florença, emergiu com uma graça aristocrática: o jardim da Villa Gamberaia.

Villa Gamberaia: Um diálogo entre a alma toscana e a mão humana

Imagine-se ascendendo pela colina de Settignano, onde o ar se torna mais puro e o horizonte se expande em uma tela viva. Ali, a Villa Gamberaia se revela, não como uma vasta propriedade, mas como um poema paisagístico de um hectare, meticulosamente composto ao longo de quatro séculos. Sua posição é um privilégio divino, oferecendo um panorama que captura a alma de Florença e acaricia o sinuoso Vale do Arno. É um lugar onde a paisagem não é apenas vista, mas sentida.

Nascida em 1610, a vila floresceu sob os cuidados de nobres famílias, mas foi a visão de uma enigmática princesa russa, Catherine Jeanne Keshko, no final do século XIX, que a consagrou. Ela não apenas reformou, mas reimaginou a alma do lugar. Em um ato de genialidade, transformou o parterre clássico: onde se esperariam canteiros de flores, ela concebeu espelhos d’água límpidos, orlados por tapeçarias de buxo perfeitamente podado. Uma ousadia que captura o céu toscano e o transforma em parte do solo, um espelho que duplica a beleza etérea do firmamento. Caminhar por sua alameda de 225 metros é como atravessar um corredor do tempo, que culmina em um ninfeu repleto de ecos mitológicos e se abre para a imensidão do vale.

Uma peregrinação pelos jardins mais emblemáticos da Itália

A aclamação da Villa Gamberaia é um convite para uma peregrinação mais ampla pelos santuários verdes que fazem da Itália um epicentro da arte paisagística. A seleção do New York Times nos guia por um roteiro de emoções distintas:

  • Villa d’Este, em Tivoli: Uma sinfonia líquida. Aqui, a água é a protagonista em um teatro barroco de cascatas monumentais, fontes musicais e grutas ocultas, uma celebração da engenhosidade humana em sua forma mais espetacular e sonora.
  • Jardim de Ninfa, em Cisterna di Latina: Uma elegia encantada. Considerado o jardim mais romântico do mundo, é um lugar onde a natureza reconquistou as ruínas de uma cidade medieval, tecendo um manto de rosas e glicínias sobre pontes e torres ancestrais, criando um cenário de beleza melancólica e avassaladora.
  • Bosque Sagrado de Bomarzo: Um labirinto onírico. Longe da harmonia clássica, este é um mergulho em um sonho surrealista. Gigantes de pedra, criaturas mitológicas e arquiteturas impossíveis emergem da vegetação, convidando a uma jornada filosófica e introspectiva pelo subconsciente da Renascença.
  • Villa Pellico, em Moncalieri: Um sussurro de elegância. Um refúgio que personifica a serenidade, onde a arte do jardim paisagístico se manifesta em sua forma mais pura, com caminhos que convidam à contemplação e composições que parecem ter sido delicadamente pintadas pela própria natureza.

Estes não são meros destinos turísticos. São experiências transformadoras, onde design, história e natureza se fundem para tocar a alma. A questão levantada pelo The New York Times transcende o planejamento de uma viagem; é um convite para reconhecer e buscar a beleza em sua expressão mais pura e duradoura. E para qualquer um que já tenha se permitido sonhar com a Itália, a resposta parece ser um inequívoco e apaixonado “sim”.

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