Enquanto o norte da Itália lida com os impactos de intensas chuvas, que trouxeram mais de 5 mil raios à Toscana e deslizamentos no Vêneto neste domingo (13), a região da Sicília, no sul do país, vive uma dramática onda de incêndios. Pelo menos 16 focos foram registrados somente neste domingo, espalhando destruição e preocupação.
As chamas se alastraram por diversos pontos da ilha, afetando dois distritos da cidade de Buseto Palizzolo, além de outras zonas em Alcamo, Valderice, Fulgatore, Capo Feto, Mazara del Vallo, Castellammare del Golfo e Calatafimi. Imagens de câmeras revelaram que um dos focos no município de Buseto Palizzolo teve início em um terreno baldio, apontando para possíveis causas relacionadas a negligência ou intencionalidade.
Equipes de combate a incêndios foram intensamente mobilizadas, também atuando na província de Palermo, nas áreas de Misilmeri e Partinico, ao longo da estrada principal. Municípios como Vittoria e Santa Croce Camerina, na província de Ragusa, e Melilli, em Siracusa, também foram gravemente atingidos, evidenciando a vasta extensão dos focos de incêndio.
Embora detalhes específicos sobre a totalidade dos danos e as causas de todos os incêndios ainda não tenham sido divulgados, o cenário é preocupante. A Sicília, como outras regiões mediterrâneas, é particularmente vulnerável a incêndios florestais, especialmente durante o verão, quando as altas temperaturas e os ventos secos criam condições propícias para a propagação rápida do fogo.
Historicamente, além das causas naturais, como temperaturas escaldantes e ventos quentes e secos vindos do Saara, há um agravante humano. Especialistas e investigações anteriores já apontaram para a possibilidade de atividades criminosas, incluindo a máfia, que utilizaria incêndios criminosos para diversos fins, como poder e lucro. A burocracia na proteção florestal e a inépcia institucional também são fatores que dificultam o combate e a prevenção.
Eventos de calor extremo têm se tornado mais frequentes e intensos, impactando a Itália de forma severa. Em anos anteriores, a ilha registrou temperaturas recordes e enfrentou cenários caóticos, com fechamento de aeroportos, interrupção no fornecimento de luz e água, evacuações em massa e até mesmo mortes devido à dificuldade de acesso dos serviços de emergência. O ministro da Defesa Civil já classificou situações semelhantes como “um dos dias mais complicados das últimas décadas” para o país, que também sofre com temporais e tornados no norte.
A convulsão climática exige uma mudança de rota e um esforço conjunto para conter os danos e buscar soluções mais eficazes para a prevenção e o combate a esses desastres recorrentes. A situação na Sicília reforça a urgência de medidas robustas para lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela gestão do território.