Na manhã desta sexta-feira (18), um novo terremoto atingiu a região de Campi Flegrei, zona vulcânica de alta complexidade geológica localizada ao oeste de Nápoles. O tremor, de magnitude 4,0 na escala Richter, ocorreu às 9h14 (horário local), com epicentro no bairro de Bagnoli e a uma profundidade superficial de apenas 2,5 quilômetros — condição que ampliou sua intensidade perceptível na superfície.
O impacto foi sentido de forma clara em diversos pontos da cidade, incluindo o centro histórico, bairros periféricos e até nos andares térreos de edifícios, provocando pânico entre os moradores. Muitos deixaram suas casas às pressas, temendo um novo abalo. “Portas e sacadas começaram a bater e luminárias balançaram. Foi rápido, mas assustador”, relatou uma testemunha da região de Fuorigrotta.
Apesar do susto, as autoridades italianas confirmaram que não houve vítimas ou danos estruturais significativos. O Corpo de Bombeiros recebeu dezenas de chamados, e equipes de inspeção foram acionadas imediatamente para avaliar possíveis impactos em construções públicas. Segundo o vereador de Infraestrutura da cidade, Edoardo Cosenza, “as verificações continuam, mas não se prevê nenhum dano grave”.
Trens suspensos e tremores secundários
Como medida de precaução, o serviço ferroviário nas linhas Cumaná e Circumflegrea — que conectam Nápoles aos municípios de Campi Flegrei — foi temporariamente suspenso para inspeções técnicas. A Linha 2 do metrô permanece inoperante. A Trenitalia alertou que trens de alta velocidade, intermunicipais e regionais podem enfrentar atrasos de até 90 minutos ou até mesmo cancelamentos.
Pouco depois do terremoto principal, um enxame sísmico foi detectado pelo Observatório Vesuviano: ao todo, doze abalos secundários foram registrados, incluindo dois de magnitude 1,5 com epicentro no município de Pozzuoli.
O fenômeno, segundo o INGV (Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia), está diretamente relacionado à natureza vulcânica da região, marcada pelo chamado “bradismo” — um processo geológico que provoca a elevação do solo devido à pressão de gases e magma no subsolo. Esse fenômeno tem se intensificado desde o ano passado, fazendo de Campi Flegrei uma das zonas vulcânicas mais monitoradas do mundo.
Um supervulcão sob os pés
Diferentemente do Vesúvio, seu vizinho mais famoso, Campi Flegrei não é um vulcão com um único cone eruptivo, mas uma vasta caldeira com múltiplas crateras e fumarolas ativas. O nome, derivado do grego antigo, significa “campos ardentes” — uma referência direta à sua inquieta natureza geotérmica.
Desde junho, a região tem sido palco de intensos movimentos sísmicos, com destaque para os terremotos de 13 de março e 30 de junho, ambos com magnitude de 4,6 — os mais fortes registrados em décadas. Ainda assim, o governo italiano e o INGV reiteram que não há risco iminente de erupção do supervulcão.
Sítios arqueológicos fechados
Como parte dos protocolos de segurança, o Parque Arqueológico de Campi Flegrei anunciou o fechamento temporário de todos os sítios históricos e culturais na região. A medida visa proteger visitantes e funcionários até que as estruturas sejam completamente inspecionadas.
Enquanto a cidade tenta retomar a normalidade, a terra sob os pés de Nápoles continua a enviar sinais de que seu silêncio pode ser apenas temporário. Em um território onde a história se mistura ao magma, cada tremor é um lembrete de que os “campos ardentes” continuam vivos — e vigiados.