Já se perguntou por que Roma é a capital da Itália? Não foi por acaso, nem sempre foi assim! Prepare-se para uma história digna de novela, cheia de ambição, estratégia e, claro, um toque de drama histórico. A Cidade Eterna não nasceu capital, ela conquistou seu lugar no mapa!
Nossa história começa com um personagem chave: Camillo Benso di Cavour, um verdadeiro estrategista e Primeiro-Ministro do Reino da Sardenha. Lá em março de 1861, quando a Itália estava dando seus primeiros passos rumo à unificação, Cavour já tinha uma ideia fixa na cabeça. Durante seu discurso no primeiro Parlamento italiano, ele soltou a pérola: Roma deveria ser a capital do novo Reino da Itália.
E por que Roma? Cavour era um homem de visão e argumentou que a escolha da capital não era só uma questão geográfica, mas sim uma decisão com “grandes razões morais”. Ele disse algo que ecoa até hoje: “Em Roma se reúnem todas as circunstâncias históricas, intelectuais e morais que devem determinar as condições da capital de um grande estado.” Para ele, Roma não era apenas uma cidade; era um símbolo, uma memória que se estendia muito além de suas muralhas, destinada a ser o coração de uma grande nação. Ele foi categórico: “Roma, somente Roma, deve ser a capital da Itália.”

Parecia uma profecia, e de certa forma foi! Mas, como toda boa história, a realidade levou um tempinho para alcançar o sonho. A proclamação de Roma como capital pelo Parlamento veio em 27 de março de 1861, logo após o discurso de Cavour. No entanto, a materialização desse sonho levou uma década para se concretizar.
A Itália unida e suas “capitais temporárias”: Turim e Florença em cena
Antes de Roma assumir seu trono, a recém unificada Itália teve outros dois “corações políticos”. Pense neles como capitais provisórias, esperando o momento certo para a grande jogada.
Primeiro, foi Turim. Como principal cidade do Reino da Sardenha (o motor por trás do processo de unificação), Turim foi a capital inicial após 1861. Era o ponto de partida, o berço da unificação.
Mas as coisas mudaram. Em 1864, a capital se mudou para Florença. Essa transferência não foi aleatória; foi uma jogada diplomática inteligente. A ideia era manter boas relações com a França e, ao mesmo tempo, se aproximar de Roma, que ainda era um território “proibido”, sob o controle dos poderosos Estados Pontifícios. Era como um jogo de xadrez político, movendo as peças com cautela.

O grande final: A brecha na Porta Pia e a conquista de Roma
E então, o momento tão esperado chegou. Roma era vista como a capital “natural” por sua imensa história, cultura e até mesmo sua importância religiosa. Mas como tirá-la das mãos do Papa?
A resposta veio em 1870, com um evento que ficou conhecido como o “Rompimento da Porta Pia” (Breccia di Porta Pia). Foi uma ação militar decisiva: as tropas do exército italiano avançaram sobre a cidade, rompendo uma das portas de suas muralhas, a Porta Pia. Essa manobra ousada marcou o fim do poder temporal do Papa e a anexação de Roma ao Reino da Itália.
Finalmente, em fevereiro de 1871, o sonho de Cavour se tornou realidade. A capital foi oficialmente transferida de Florença para Roma, e a casa real dos Saboia, que governava o Reino da Sardenha Piemonte, mudou-se para lá com toda a sua corte. A Itália estava, enfim, completa e unificada, com uma capital que carregava o peso e a glória de milênios de história.
Os símbolos da nova capital: Palácios e monumentos
Com a mudança da capital, Roma se transformou para abrigar as novas instituições e símbolos do poder.
- O Palazzo Madama sediou a primeira sessão do Senado Italiano em 1871.
- A Câmara dos Deputados se reuniu pela primeira vez um dia antes, em Montecitório.
- O Quirinale, que antes era a “casa” dos Papas, tornou-se a residência real dos Saboia em 1870.
- No Panteão, houve uma quebra de tradição: Vittorio Emanuele II, o primeiro rei da Itália unificada, foi sepultado lá em 1878, em vez da Basílica de Superga, em Turim. Ele foi seguido por Umberto I e sua esposa Margherita, selando o Panteão como o mausoléu dos reis.
- E para coroar tudo, o Monumento a Vittorio Emanuele II, conhecido como Vittoriano, foi projetado em 1878 para celebrar o “pai da pátria” e se tornou um dos símbolos mais imponentes da unificação italiana.
Assim, Roma, a Cidade Eterna, assumiu seu papel não apenas como guardiã de um passado glorioso, mas também como o vibrante coração de uma na nação unida. E pensar que tudo começou com um discurso visionário e uma série de jogadas estratégicas! Incrível, não é?
